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Quarta-feira, 11/7/2001
Mais nos advinhamos do que nos entendemos

Julio Daio Borges




Digestivo nº 40 >>> Dando continuidade à sua coleção Clássicos, a Martins Fontes lança no mercado A Arte de Conversar, uma coletânea de textos organizada por Alcir Pécora. A intenção é reunir uma amostra da tratadística francesa dos séculos XVII e XVIII, em que o tema central é a conversação. Para nações mais pragmáticas, como as do século XXI, um manual desse tipo surge como algo completamente dispensável. Pode ser. Descontados, porém, os excessos dos autores que pretendem estudar cada colocação e cada movimento, o volume traz momentos memoráveis, como, por exemplo, as intervenções de Jean-Baptiste Morban de Bellegarde, que se dedicou a anotar e explicar belas frases de efeito, como esta: "A vida da maior parte da sociedade é apenas uma comércio de cumprimentos e adulações." Ou, então, como esta: "Ele tem um mau humor capaz de envenenar todas as alegrias da sociedade." Não existe, em nenhuma parte do livro, qualquer inclinação sistemática ou científica, portanto, fica-se à mercê das observações inteligentes - às vezes originais, às vezes triviais - de quem escreve. Outra pena que se mostra bastante perspicaz nas suas reflexões é a do Abade Nicolas Trublet, que discorre com clareza e concisão, sobre literatura e moral, em Da Conversação. O encerramento fica por conta de André Morellet, a vedete anunciada na capa, que enumera os onze pecados capitais da conversa: a desatenção; a interrupção; a ansiedade; o egoísmo; o despotismo; o pedantismo; a descontinuidade; a galhofa; a contradição; a disputa; e os assuntos particulares. Os ouvidos, penhorados, agradecem.
>>> "A Arte de Conversar" - Morellet e outros - 170 págs. - Martins Fontes
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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