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Quarta-feira, 11/7/2001
Coisa mais bonita é você

Julio Daio Borges




Digestivo nº 40 >>> Se Moacir Santos tivesse nascido nos Estados Unidos, provavelmente seria um maestro e arranjador da envergadura de um Duke Ellington, globalmente reconhecido e ovacionado. Para os brasileiros que ignoram seus heróis, ele ressurge com Ouro Negro, um projeto que registra suas "coisas" (composições), produzido e dirigido por Zé Nogueira e Mário Adnet, com as participações especiais de Milton Nascimento, Djavan, Ed Motta, Gilberto Gil, João Bosco, Joyce e João Donato, entre outros. Sem medo de errar, pode-se dizer que ninguém combinou sopros como ele, e que ninguém, no País, é capaz de um fraseado, a um só tempo, aveludado e incisivo, ainda mais no sax, instrumento cuja árvore genealógica pesa nos ombros de quem toca. Como os títulos de suas músicas, Moacir Santos não cabe em descrições, categorias ou estilos. Mesmo os grandes da MPB, quando unem-se a ele, no disco, têm flagrante dificuldade em se encaixar, pois a música ali contida, não é mais daqui, nem de lá, é um híbrido, com vida própria. Embora Ouro Negro seja conduzido com o pulso firme e a infalibilidade dos grandes álbuns de jazz norte-americano, transborda em ritmos latinos, em letras e vocalizações do bom e velho português. Ainda que reúna toda essa complexidade, e que se converta num mapa de como os sons do Brasil foram se desenvolvendo (desde a África), o CD, que é um marco, revela-se difícil de ser encontrado, vergonhosamente esquecido nas prateleiras mais periféricas. Quem quiser recuperar sua identidade perdida, porém, vai topar com ele, e com a recompensa que ele guarda.
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>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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