busca | avançada
75749 visitas/dia
2,4 milhões/mês
Quarta-feira, 18/7/2001
Always keep them laughing

Julio Daio Borges




Digestivo nº 41 >>> Ainda que se incorra em generalização apressada, é possível detectar, no cinema atual, uma corrente que visa produzir "estranhamento" no espectador. Primeiro, misturando os gêneros documentário e ficção, tirando da voz todas as nuances, como numa produção amadora. Segundo, colocando a trilha-sonora em último plano, em conflito flagrante com os diálogos, resultando num irritante ruído de fundo. Terceiro, suscitando emoções contraditórias na platéia, ao compor cenas que vão da comédia ao sarcasmo, à tragédia, ao humor negro, mandando as caracterizações das personagens para o beleléu. A Hora do Show, filme de Spike Lee Joint, é um bom exemplo disso. O diretor mais engajado dos Estados Unidos parece que desistiu definitivamente da idéia de "contar histórias", partindo irremediavelmente para o discurso. Acontece que, nem todos os dias, a disposição do público é a de assistir a uma "defesa de tese". De qualquer jeito, sua preocupação é mostrar como um "TV show" (seriado, programa, especial) tem o poder de polarizar a opinião pública, muito mais do que qualquer manifestação política. O longa conta a vida de um produtor, de uma secretrária e de dois artistas de rua, que têm seu mundo transformado graças a Mantan, um semanário televisivo de humor, em que negros são ridicularizados, conforme a tradição do showbiz. Uma mensagem válida, mas num meio, talvez, não tão adequado. Spike Lee Joint reclama de estrear em poucas salas em São Paulo. Depois do cerebral A Hora do Show, terá sua cota reduzida ainda mais.
>>> http://www.bamboozledmovie.com/
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

busca | avançada
75749 visitas/dia
2,4 milhões/mês