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Quarta-feira, 26/12/2001
Adiós Muchachos

Julio Daio Borges




Digestivo nº 62 >>> Depois da exemplar quebradeira na Argentina, o brasileiro estufa o peito e olha desinteressado como se não fosse com ele. É impressionante, mas já esqueceu da rebordosa de janeiro de 1999, quando a ancora cambial não “segurou mais a onda” e elevou o dólar a cotações (na época) astronômicas. Três anos depois (ou quase), ainda se vê reflexos daqueles dias, aqui e ali. Na Argentina, infelizmente (pra eles), a alucinação foi mais longe: em vez de “ancora”, instaurou-se a irreal “paridade” do 1 para 1. Mais ou menos como no começo do nosso real, mas sem a transição “progressiva” (através das tais “bandas”), culminando com uma explosão muito mais ensurdecedora. Acontece que os argentinos têm (ainda) algo a ensinar aos brasileiros: eles foram às ruas e empurraram, ladeira abaixo, o presidente deles. Enquanto que aqui, precisamos de minisséries (“Anos Rebeldes”) e de uma juventude mezzo-engajada mezzo-alienada para que alguma coisa aconteça. E olha que já faz tempo (1992). O fato é que, no Brasil, o presidente mora longe – e o caminho é deserto. (Juscelino pensou em tudo.) Outra particularidade que os brasileiros usam para exorcizar os seus fantasmas é, agora, a adoção de uma terceira (!) moeda no País de Gardel. Parece que, em Pindorama, ninguém mais se lembra da complicação de OTNs, BTNs, URVs, os zeros à direita (nas cédulas) e os zeros à esquerda (no governo). Enfim. Independentemente das comparações mórbidas (e das rixas) é lamentável que a cidade de Jorge Luís Borges e Adolfo Bioy Casares tenha vivido, na aurora do século XXI, sob trevas tão espessas.
>>> A Crise Argentina
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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