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Quarta-feira, 16/1/2002
Extraordinary Times

Julio Daio Borges




Digestivo nº 64 >>> A Wired, no impulso revisionista de janeiro, chega às bancas com um especial histórico sobre tecnologia. Desde a invenção da pólvora, pelos chineses, no ano 1000, até o rascunho do genoma humano, em 2000. A edição pulula em comparações entre a internet e o mundo real, como é praxe na publicação. E traz listas interessantes, como a de descobertas (científicas ou não) que tinham uma finalidade inicial, mas que terminaram como tiros saídos pela culatra (eis aí o fonógrafo, cujo “leitmotiv” era gravar mensagens telefônicas – e não reproduzir música; e eis também o Viagra, cuja função principal era aliviar dores no peito – e não reavivar brasas antigas). Na visão secular de muitos espiritualistas, a introdução do maquinário, na vida humana, teve conseqüências catastróficas. De repente, com o avanço da física e do empirismo, o homem não precisava mais de Deus e revolveu tirá-lo de suas equações e fórmulas. Será? É igualmente interessante considerar o sugestivo ensaio de James Surowiecki sobre “padronização”. Foi através dela que, subitamente, nos vimos todos do “mesmo tamanho”, supostamente “livres, fraternos e igualitários”. Foi ela quem nos fez auto-suficientes... e solitários (se alguém falha em alguma coisa, não adianta culpar o astral, ou as ordens superiores – todos tem as mesmas chances e, quem não venceu, é porque não revelou sua competência no atual sistema. Ponto final). O remorso, pela mera expectativa frustrada, pensa nos ombros do mundo, diariamente. Sem espaço para o imprevisível, o imponderável, o incontrolável. A tecnologia trouxe, sim, muitas benesses, mas, no caminho, os objetivos se perderam no horizonte. Qual horizonte? Trabalhamos incansavelmente para perseguí-lo, mas ele é, como uma miragem, inalcançável.
>>> Turn of the Century
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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