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Quarta-feira, 17/4/2002
A concisão dos meus poemas

Julio Daio Borges




Digestivo nº 77 >>> A chegada de um novo livro de Rubem Fonseca às livrarias é um dos poucos acontecimentos genuinamente culturais que ainda nos restam. Não se trata de divulgação ostensiva, por parte dos agentes; não se trata de uma pauta pré-fabricada, por parte dos editores dos segundos cadernos; nem se trata de um modismo plantado, disfarçado de propaganda boca-a-boca, para convencer a classe média. Trata-se de literatura pura, embora os nossos críticos insistam em classificá-la e situá-la dentro de uma "linha evolutiva" qualquer. Desta vez, são 30 histórias excepcionalmente curtas, com títulos sugestivos, tais como: "Ganhar o jogo"; "Família é uma merda"; "O Garoto Maravilha"; "Tratado do uso das mulheres"; "Eu seria o homem mais feliz do mundo se pudesse passar uma noite com você"; "Nove horas e trinta minutos" e "Uma mulher diferente". Se há nessa coletânea, intitulada "Pequenas Criaturas", uma busca pela qual o autor se orienta, ela se relaciona ao que deve haver de mais universal e permanente (ainda que os resenhistas continuem "vendendo" Rubem Fonseca como um cultor de patologias, psicopatias e desvios do gênero). Lógico, há também espaço para as bizarrices e para os comportamentos tremendos — mas o que chama a atenção (e o que deve chamar a atenção de quem lê) é a habilidade, inigualável hoje em dia, de retratar e registrar cenas da vida brasileira, neste final de século XX, início de século XXI. "O melhor ficcionista não passa de um bom ventríloquo", define-se mui modestamente em "O Bordado". Se as nossas artes desfrutassem da mesma longevidade que essa espécie de "ventriloquia" (Rubem Fonseca nasceu em 1925), não teríamos porque comemorar um novo lançamento do escritor de "Feliz Ano Novo", e até poderíamos pensar em falar mal de dele. Mas certamente não é o caso, o que faz de "Pequenas Criaturas" uma festa (e igualmente um convite aos detratores, para que enfiem o rabo entre as pernas).
>>> "Pequenas Criaturas" - Rubem Fonseca
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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