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Terça-feira, 16/4/2002
Um tipo de compositor

Julio Daio Borges




Digestivo nº 77 >>> Numa era de música popular popularesca, os grandes da MPB acabam passando por eruditos; e o seu público, de 20, 30, 40 anos atrás, acaba adquirindo ares oraculares, apenas por ter visto e vivido o que se convencionou chamar de “auge”. Não deixa de ter razão na “pose”, no entanto. O álbum “Meus Caros Amigos”, em que Francis Hime compila 30 de suas composições, na interpretação de 15 estimados pianistas, está aí para provar. Hime converteu suas parcerias com Chico Buarque, Ruy Guerra, Edu Lobo, Paulo César Pinheiro, Olivia Hime e Vinicius de Moraes, dentre outros, em peças do repertório clássico, pelas mãos de executantes oriundos dessa tradição. Como ele mesmo afirma no encarte, foi mais fácil assentar as “canções”, nos moldes para piano solo, que os saltitantes “sambas” (embora uma ligação umbilical não lhe permita abandoná-los jamais). Assim, a densidade do trabalho fica por conta das releituras de títulos como “A noiva da cidade” (por Clara Sverner), “Valsa Rancho” (por Gilson Peranzzetta), “Mariposa” (por Maria Teresa Madeira) e “Parceiros” (por João Carlos Assis Brasil). O que não impede, no entanto, que se disponha de elegantíssimas versões para “Vai Passar” (por Cristóvão Bastos), “Pivete” (por Sonia Vieira), “Passaredo” (por Rosana Diniz) e “Meu Caro Amigo” (por Miguel Proença). Francis Hime teve o cuidado de reescrever e supervisionar todos os arranjos, importando, da Alemanha, um autêntico Steinway (“cauda inteiro”) – o que garante uma audição excepcional, sem os contumazes sobressaltos dos songbooks convencionais. Que uma realização desse porte tenha passado em brancas nuvens, é mais uma indicação de que o conceito de “popular” precisa ser revisto com urgência.
>>> Meus Caros Pianistas - Francis Hime - Biscoito Fino
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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