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Terça-feira, 28/5/2002
No rala-rala

Julio Daio Borges




Digestivo nº 83 >>> Está certo: a capa não inspira muita confiança. Mas que ninguém se engane: o 11º disco de Vicente Barreto arregimentou o melhor de sua produção musical, interpretada por músicos do calibre de Arthur Maia, Celso Fonseca e Jorginho Gomes (para quem não se lembra, os mesmos ases do celebrado acústico de Gilberto Gil). Essa introdução cuidadosa para dizer que se trata de um disco de forró. Sim, forró: um ritmo tão diluído (até mais que o “pagode acrílico”), sendo necessário um esforço quase hercúleo para resgatá-lo em suas raízes primevas. É a missão do mesmo Vicente Barreto, que, ao se transferir para a gravadora Jam, mergulhou em parcerias para reabilitar Celso Viáfora, Paulo César Pinheiro e Alceu Valença – em arranjos econômicos e amadurecidos para hits como “Tropicana” e “Xote de Copacabana”. Ao mesmo tempo, partiu para novas criações, fazendo uso de letras inventivas como as de “Um xote com você”, em que narra as desventuras de um amante cheio de “namorar pelo ICQ”; ou ainda as de “Praça do Ferreira”, onde “o vento é danado” e levanta a saia de quem quer que por lá passe, garantindo “cinema sem pagar nada”. É a malícia sugerida, mas não escancarada, que o Sudeste considerava perdida, mas que no Nordeste nunca pereceu. Há também homenagens solenes como “Zelação”, em que Barreto louva, lógico, Gonzagão: “Lua, Luiz, lumeeiro, Luar do Sertão”. O encarte colorido, com motivos desenhados de acordo a cada canção, completam essa “Noite Sem Fim dos Forrós”. Que ela dure, portanto; e que seu exemplo seja propagado pelas terras áridas da MPB.
>>> Noite Sem Fim dos Forrós - Vicente Barreto - Jam Music
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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