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Terça-feira, 4/6/2002
Brasileirança

Julio Daio Borges




Digestivo nº 84 >>> Acaba de sair, pela incansável Kuarup, a mais nova incursão do Quinteto da Paraíba: desta vez, como se lê no encarte, “abraçando Pernambuco”, mais especificamente gravando Luiz Gonzaga e Lourenço da Fonseca Barbosa (ou, segundo o título do disco, “Capiba & Gonzagão”). Tudo começou em 1989, quando Yerko Tabilo (violino), Ronedik Dantas (também violino), Samuel Espinoza (viola), Nelson Dantas (celo) e Xisto Medeiros (baixo) se juntaram pelo amor à música nordestina, em João Pessoa. Luiz Gonzaga faleceria naquele ano, aos 77. Capiba ainda viveria até 1997; conheceria e muito admiraria, portanto, o trabalho do Quinteto, chegando a presentear-lhes com um arranjo de seus Quatro Maracatus, assinado por ninguém menos que Guerra Peixe. Em 2001, aconteceu a gravação e agora, em 2002, acontece o lançamento. Além dos Maracatus de Capiba, o CD abre enorme espaço para os baiões e forrós de Gonzagão; entre eles: Baião (o próprio), Paraíba (com reforço da sanfona de Walter Albuquerque), Qui Nem Jiló e Respeita Januário. Apesar da alegria incontida do pai de Gonzaguinha, o lirismo transborda, tamanha a densidade em cada uma das interpretações. A gravidade e o respeito infinito a ambos os compositores valoriza ainda mais a obra de Capiba, bem representada por peças saltitantes como Um Pernambucano no Rio, mas inegavelmente refletida nas versões solenes de Minha Ciranda e Valsa Verde (com bandolim de Marco César). O fraseado derramado, a partir da metade do álbum, com Algodão, Recife Cidade Lendária e Vozes da Seca é quebrado pela percussão de Glauco Andreza em Choro para Marco César, retornando em Légua Tirana até o ponto alto, certamente: os Quatro Maracatus. Capiba e Gonzagão receberam, enfim, o tratamento e o acabamento que há muito merecem.
>>> Capiba & Gonzagão - Quinteto da Paraíba - Kuarup Discos
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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