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Quinta-feira, 22/8/2002
Com a sua beleza e a minha inteligência

Julio Daio Borges




Digestivo nº 96 >>> Os 40 anos da morte de Marilyn Monroe praticamente obrigam à reflexão sobre o papel das divas hoje em dia. O que restou delas? Ainda existem? Nos anos 80 e 90, prevalecia a crença de que o cinema seria sobrepujado pela música pop, como plataforma de lançamento para grandes mitos. Vide o caso Madonna que, justamente, no seu auge, era comparada a Norma Jeane. Acontece que a Material Girl preferiu viver, ter filhos, prescindir da eternidade, nem que isso implicasse numa glória passageira (detratores afirmam que a queda já estava prevista, independentemente da escolha). O mais próximo a que se consegue chegar de uma mulher que tenha "abalado as estruturas", no Brasil, é talvez, quem sabe, de Leila Diniz: linda, livre e revolucionária (é o que se diz por aí). Não deixou herdeiras; no máximo, comparações parcas, como a última, com essa Maria Paula (que deu uma entrevista chinfrim na revista Trip e já teve as suas declarações elevadas à categoria de "históricas", com as da Diva do Pasquim). É possível que a chave para o entendimento do processo todo esteja exatamente nesse "link": as divas só se tornam divas quando referendadas por quem escreve a História, no caso específico do século XX, a imprensa e os folhetins. Madonna, para ficar nos dois exemplos anteriores, sempre foi execrada pela crítica, e Maria Paula passa, se muito, por simpatiquinha, apresentando aquele programa de humor que é a escatologia consagrada como "mainstream" (para que se tenha uma idéia da "jequice" da direção Global, há dez anos exaltando "pérolas" desse naipe). É interessante notar que os cinéfilos torceram o nariz até mesmo para o Oscar de Julia Roberts (portanto, ela também não se habilita). Nicole Kidman? Por causa de Kubrick e desse sobrevalorizado Moulin Rouge? Será? Ou então a rival Penélope Cruz, a diva de Almodóvar? Deborah Secco, no Brasil? Vera Fischer, por longeva? Enquanto o critério for o da popularidade e da audiência, a intelectualidade não diz nem que "não" nem que "sim". Talvez o tempo das divas simplesmente tenha passado, como o dos intelectuais também.
>>> Marilyn Monroe | Madonna | Leila Diniz | Maria Paula
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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