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Quarta-feira, 13/11/2002
Eu sou você amanhã

Julio Daio Borges




Digestivo nº 107 >>> Enquanto o Brasil ainda se esbaldava na lua-de-mel do 27 de outubro, "Primeira Leitura" já se preparava para invadir as bancas com algumas das matérias mais lúcidas a respeito do futuro governo de Luís Inácio Lula da Silva. Comandada por Reinaldo Azevedo e apadrinhada pelos Mendonça de Barros, a revista foi estruturada a partir dos escombros da extinta "República", irmã de "Bravo!" e também cria da Editora D'Avila. Contando com alguns colaboradores dessa época, como Hugo Estenssoro, tem, no entanto, a base de sua redação montada a partir do site de mesmo nome (primeiraleitura.com.br). Neste mês de novembro, ao contrário das capas festivas e laudatórias da concorrência, "Primeira Leitura" resolveu enfrentar o consenso e mostrar porque o ano de 2003 não vai ser aquele mar de rosas. Inflação de dois dígitos até o fim do primeiro semestre; recessão ou, no mínimo, estagnação, com juros margeando os 25%; retração do PIB e dólar permanentemente alto; salário mínimo ainda longe dos alardeados R$ 240 e desemprego avançando a passos largos. Na verdade, a revista mostra como o discurso de Lula e do PT vem se metamorfoseando desde o segundo turno, quando a vitória já estava garantida e as promessas poderiam ser um pouco menos exageradas. Antecipando a transição a que hoje se assiste, a reportagem confirmou o que agora é quase óbvio: a oposição feroz a FHC, nos últimos anos, vai se portar exatamente como a situação que tanto criticou - ao perceber, simplesmente, que o buraco é mais embaixo. Reinaldo Azevedo e sua equipe desconfiam do tal "pacto": primeiro, porque não vai durar; segundo, porque não estamos saindo de uma ditadura (o que exigiria uma coalizão). Apesar dos otimistas, como Horacio Lafer Piva, presidente da Fiesp, que acredita num governo voltado para o social, pairam as dúvidas sobre o manejo da economia (com primazia sobre a política), até porque o orçamento e as dívidas dos estados e municípios não permitem grandes malabarismos. Que o julgamento de Lula, sobre essas matérias, não seja o mesmo de quando anunciou, inspirado por Zezé di Camargo e Luciano, levar mais "cultura para a juventude".
>>> Primeira Leitura
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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