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Terça-feira, 19/11/2002
Foi um sucessão

Julio Daio Borges




Digestivo nº 108 >>> Quem pensa que a "Caras", a "Quem Acontece" e a "Isto É Gente" surgiram como publicações por geração espontânea precisa urgentemente ler "Revista do Rádio: cultura, fuxicos e moral nos anos dourados", mais um exemplar da coleção Arenas do Rio, pela editora Relume Dumará. Rodrigo Faour, também autor de "Bastidores, Cauby Peixoto: 50 anos da voz e do mito", procura explicar o sucesso da revista fundada por Anselmo Domingos, contando a sua história e, de quebra, revivendo os grandes mitos da era do rádio. Embora a televisão tenha varrido toda uma civilização de cantores, atores e animadores para debaixo do tapete, alguns sobreviveram para prestar depoimentos e relembrar antigos sucessos. Nunca, é claro, com o mesmo brilho daqueles tempos. Faour cobre, principalmente, os anos 50 e 60, ressuscitando Emilinha Borba, Marlene, Angela Maria, Ivon Curi, Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto e até aqueles nomes dos quais restou apenas uma pálida menção (numa canção de Rita Lee, por exemplo), como Elvira Pagã e Luz Del Fuego. Sobre os grandes (que continuaram grandes), como Dorival Caymmi e Ary Barroso, as curiosidades são poucas. A pesquisa faz também justiça a um dos maiores talentos do humor brasileiro: Max Nunes, criador da comédia de costumes, além de irretocável frasista, capitaneando já há alguns anos o talk show de Jô Soares. Faour não perdoa a moral vigente e o machismo reinante, incentivados inclusive pela própria "Revista do Rádio" (ainda que seu proprietário fosse homossexual convicto e tenha caído em desgraça por causa de drogas). Há um ar de doce ingenuidade e até certa tolice nas páginas da aclamada publicação, mesmo quando os "Mexericos da Candinha" saíam maldosos e fatais. Os capítulos do livro são construídos de tal maneira que, ao final, o autor compara as manchetes daquela época com as das revistas de fofoca de hoje - para concluir que são rigorosamente as mesmas. Antes, se a popularidade igualmente não servia como termômetro para garantir qualidade artística, pelo menos não havia a "celebridade pela celebridade" - que, temos de convir, empobreceu enormemente o cenário.
>>> Revista do Rádio: cultura, fuxicos e moral nos anos dourados - Rodrigo Faour - 161 págs. - Relume Dumará
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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