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Sexta-feira, 14/2/2003
O povo na tevê

Julio Daio Borges




Digestivo nº 121 >>> A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados tem ganhado a mídia. Com a campanha "Quem financia a Baixaria é Contra a Cidadania" (maiúsculas por conta dos idealizadores), requentou o velho debate sobre se a tevê deve ser controlada ou não. É uma pauta recorrente em jornalismo - de discussão infinita, pois, uma vez retomada, não chega nunca a uma conclusão. Não vai ser agora. (Ou vai?) O deputado federal Orlando Fantazzini (PT-SP) parece empenhado: arranjou briga com o apresentador "Ratinho"; organizou "happenings" no Fórum Mundial Social; e atualmente abastece um site em favor da causa (eticanatv.org.br). Vale frisar que a idéia de controle não é má. Enfrenta sempre o mesmo tipo de resistência da classe artística: é, inevitavelmente, confundida com "censura". Jô Soares vive repetindo, por exemplo, em seu programa, há quase dez anos, que o único "controle" que deve haver é o "remoto". Todo mundo sabe que não funciona. Crianças não têm poder de decisão; adolescentes têm "meio" poder de decisão; adultos, às vezes, não têm "nenhum" poder de decisão. O Brasil parece ter ainda problemas com certas palavras. Censura é uma delas. Cidadania, outra. O site da campanha está infestado de palavras-chave e tudo indica que, mais uma vez, o debate vai ficar dando voltas - para não resultar em nada. (Ninguém fala em "moral", fala em "ética" [como se não fossem quase a mesma coisa].) Enfim. Uma das armas de Fantazzini e seus apoiadores (entidades e empresas) é a publicidade. O objetivo é intimidar os anunciantes de programação de baixo nível através de leis, tratados e denúncias. (Há espaço para quem se indignou enviar seu e-mail.) Tudo muito teórico ainda. Por quê? Porque os anunciantes querem vender - e, se procuram mídia de massa, vão acabar caindo nas atrações que exploram o tal "mínimo denominador comum": sexo, violência, mau gosto, etc. Os ataques ao capitalismo (ainda?) e à globalização (novidade...), como "os grandes responsáveis", estão escamoteados em artigos e entrevistas variados. Que não se transforme em mais uma discussão política - embora, pelo andar da carruagem, seja inevitável.
>>> Ética na TV
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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