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Sexta-feira, 9/5/2003
Blame it on the U.S.A.

Julio Daio Borges




Digestivo nº 133 >>> Michael Moore, o documentarista que ultimamente vem agitando os Estados Unidos, prepara-se para desembarcar no Brasil. Com um livro, pela W11, e com “Tiros em Columbine” (“Bowling For Columbine”, 2002) que lhe conferiu um Oscar na Academia. Moore tem uma tese interessante e quer prová-la nos cinemas: – Por que os americanos (do norte) são um dos povos mais violentos de toda a História? Ele percorre o seu país com uma câmera na mão para tentar responder a essa pergunta. Não é preciso raciocinar muito para perceber que Michael Moore critica, no fundo, a mídia. Para ele, e para o autor de “The Culture of Fear” (que presta também seu depoimento), o cidadão americano vive alimentado pelo medo. Conseqüentemente, por uma questão de segurança, arma-se até os dentes e cultiva uma certa animosidade em relação ao mundo exterior. O que faz dos Estados Unidos da América – segundo Michael Moore –, uma das nações mais belicistas de todos os tempos, e o “american people”, um dos mais homicidas de que se tem notícia. Acontece, porém, que Moore usa as ferramentas da própria mídia para forçar, no espectador, essa conclusão: os dados são exibidos em velocidade vertiginosa (sem que se consiga questioná-los); as cenas de violência servem de argumento (a tal “imagem” e as tais “mil palavras”); o sentimentalismo e a aparente indignação das personagens dão o acabamento final, induzindo ao choque e deixando a platéia paralisada. Esse é o calcanhar de aquiles do documentarista: ele é contra a manipulação da mídia, mas manipula igualmente o seu público. Claro, “Tiros em Columbine” não é só isso. Vale pela defesa do Canadá. E, claro, o homem escreveu um livro, onde, imagina-se, deva estar o embasamento para tudo isso. Mas não é obviamente para teses “sociológicas” nem “psicológicas”, como vão sugerir – já podemos advinhar – os articulistas da “Folha”. Um filme (ainda) é um filme – como escreveu alguém. Não passando disso.
>>> Bowling For Columbine
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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