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Segunda-feira, 23/8/2004
Adeus Fabio velho, feliz Fabio novo

Julio Daio Borges




Digestivo nº 189 >>> Desde os primórdios do “Digestivo Cultural” que Fabio Danesi Rossi arrisca seus passos na literatura. Adepto da concisão dos poetas, arriscou-se também no “métier” de Manuel Bandeira, mas em “Todas as Festas Felizes Demais”, livro que lança agora pela editora Barracuda, ficou entre o conto, a crônica e o aforismo. São alguns anos de labuta que resultaram em um volume de quase 100 páginas. Nesse tempo, Fabio dividiu-se entre a própria literatura, o jornalismo e a internet. No segundo, procurou seu sustento; e, na terceira, testou formas e consagrou virtualmente uma assinatura: FDR. “Todas as Festas Felizes Demais” portanto trafega dentro desse universo. A fluidez dos textos – que sobreviveram ao teste em diferentes mídias e meios – é responsável, ao mesmo tempo, por todas as qualidades e por todos os defeitos. Qualidades, porque Fabio Danesi Rossi, como poucos em sua geração, viu-se obrigado a dominar os mais diversos gêneros, e a abrir as mais variadas frentes, enquanto uma delas não deslanchava. Assim, a obra contém desde a reflexão filosófica, à maneira compacta de Millôr Fernandes, até a epifania, presente na produção de um Rubem Braga, até o humor, cínico e herético, típico do último século. Defeitos, porque Fabio, como muitos em sua geração, parece indeciso entre um caminho e outro, entre um estilo e outro, entre uma vida e outra. A inquietação é sempre importante, mas não quando ela se converte em indefinição e imobilismo. Todo escritor deve vender uma visão de mundo, mesmo que não acredite nela – e, no caso de “Todas as Festas Felizes Demais”, parece faltar peças para compor determinadas cenas. Como o autor, que não sabe se opta pelo conto ou pela crônica, pelo jornalismo ou pela literatura, seus personagens se perdem em dilemas sobre o amor ideal, a mulher perfeita, sua existência mortal, etc. Como praticamente todos em sua geração, mais uma vez, Fabio Danesi Rossi é um escritor de talento à espera de um horizonte, de um porto, de uma encomenda. Já que não consegue decidir por si e por sua literatura, o mundo e seus leitores decidirão por ele.
>>> Todas as Festas Felizes Demais - Fabio Danesi Rossi - 95 págs. - Barracuda
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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