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Quarta-feira, 25/8/2004
Sinfonia em branco

Julio Daio Borges




Digestivo nº 189 >>> Arcangelo Ianelli se consagrou, entre o grande público, há poucas décadas e muito por causa de suas “Vibrações”. Aquelas telas em que explorava tão somente a cor e através das quais pôde atingir uma síntese. A mesma que todos os artistas procuram, mas ao contrário de Ianelli não encontram. Atualmente porém surge a oportunidade de conhecer a trajetória desse realizador octagenário, e confirmar que ele foi grande desde pelo menos os anos 40, 50 e 60. Ianelli se tornou livro, de título homônimo, abarcando uma obra que atravessou o figurativismo, explorou os retratos, lançou-se na geometria e rompeu com a forma, para aportar na cor. E Ianelli virou mostra, na Faap, no Museu de Arte Brasileira, onde o fruidor pode refazer grande parte dessa trajetória. São duas emoções diferentes. Primeiro a do livro, que reconstitui igualmente um percurso biográfico, desde as primeiras inspirações em São José dos Campos até o prêmio que permitiu ao artista desfrutar longos períodos na Europa, passando pelo Grupo Guanabara, pelo encontro e desencontro com o irmão, Thomaz Ianelli, pela família, pelos filhos, pelos rostos de Katia e Rubens, pelos caminhos da escultura e pelo “atelier” por onde passou um mundo. Em seguida, a exposição. Um acontecimento raro no Brasil, que historicamente não sabe de seus artistas e que raramente teve uma vocação assim realizada em sua plenitude – e que pôde ser amplamente compartilhada, com uma retrospectiva em vida, e em público. Não se deve perder: “Leitura” (1944), “O menino pintor” (1952), “Interior de igreja” (1953), “Katia e seus brinquedos” (1955), os tantos “Barcos a vela” e as tantas “Ruas Tabatinguera”. Num tempo em que o termo “artista” foi tão vulgarizado, incluindo desde volatilidades da era eletrônica até completos embustes do século da (des)informação, é um alívio e uma benção topar com (um) Ianelli de vez em quando.
>>> Arcangelo Ianelli - Livro | Mostra
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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