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Sexta-feira, 18/3/2005
Te conheço de algum lugar?

Julio Daio Borges




Digestivo nº 219 >>> No segundo semestre de 2003, ouvia-se falar de um novo grupo de autores que estava se estruturando em torno da idéia de que a literatura carioca, de origem carioca, não estava sendo contemplada pelo novo boom de escritores brasileiros a partir da década de 90. Hoje se sabe que a reclamação partia das coletâneas organizadas por Nelson de Oliveira para a editora Boitempo, fechando grupos dos anos 1990 (Manuscritos de Computador) e até precocemente dos anos 2000 (Os transgressores). Segundo Augusto Sales, editor e um dos mentores do Paralelos, as antologias de Oliveira, que se tornaram muito representativas da literatura brasileira de então, não contemplavam, praticamente, cariocas ou autores do estado do Rio de Janeiro. Balançados ou não pelo fato de que as vozes do Rio poderiam estar sendo abafadas no processo, e na ascensão principalmente de paulistas e escritores do Sul, Sales montou um conselho editorial que justamente mapearia o que havia de “paralelo” a isso, de paralelo ao já estabelecido. Em 2004, quando o site Paralelos completou um ano no jornal O Globo, o movimento havia vivido uma explosão. Falava-se em mais de uma centena de novos nomes descobertos, de todos os lugares do País (e não só do Rio). Falava-se, também, em desentendimentos na direção do projeto, que resultaram, por exemplo, na saída inicial de Rafael Lima e na saída recente de Jorge Rocha. Independentemente das divergências e das mudanças inevitáveis, o Paralelos alcançou o formato livro, que era seu objetivo desde o princípio. Tanto na coleção da Casa da Palavra (Prosas Cariocas) quanto em edição própria, da Agir, que contempla, além de Sales e Rocha, outros nomes conhecidos da internet e da blogosfera: Antonia Pellegrino, Cecilia Giannetti, Crib Tanaka, João Paulo Cuenca, Jorge Cardoso, Mara Coradello, Paloma Vidal e Tatiana Salem Levy, para citar alguns. Augusto Sales, que edita o volume com Jaime Gonçalves Filho, coloca habilmente no prefácio que não está fazendo um juízo de valor: são todos jovens, talvez não os melhores, nem os que vão ficar – mais uma mostra representativa do que uma síntese programática. Talvez seja, realmente, o julgamento a se aplicar ao volume – pois literatura mesmo, com raríssimas exceções, só num estágio posterior. O Paralelos ganha importância, neste momento, portanto, mais como ponta-de-lança do que como realização.
>>> Paralelos (o livro) - Paralelos.org - 101 págs. - Agir
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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