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Quarta-feira, 27/4/2005
Isenta, mas jamais neutra

Julio Daio Borges




Digestivo nº 224 >>> Primeira Leitura completou 4 anos. A revista, que é a mais independente politicamente, talvez junto com a cambaleante Caros Amigos, deixou de ser um empreendimento dos Mendonça de Barros, para receber a assinatura definitiva e total de Reinaldo Azevedo. Reinaldo, que assina igualmente o projeto gráfico, é diretor de redação e divide a edição com Rui Nogueira, egresso da Folha, uma presença jornalística marcante em Brasília. Como se não bastassem as mudanças e as reformas, Reinaldo toca ainda o site, um dos mais atualizados e movimentados de uma publicação impressa no Brasil, despejando conteúdo eletronicamente, discutindo com leitores de uma maneira firme, dando contribuições televisivas (por exemplo, no Roda Viva), para a inveja e admiração de seus ex-colegas de Bravo! e República. Para terminar, Reinaldo está no prelo com um livro pela editora Barracuda, de Alfred Bylik – uma súmula de todo esse trabalho de anos. Enquanto coroa essa trajetória, Primeira Leitura de aniversário nos chega, para variar, com uma reportagem corajosa de capa: a perseguição histórica, e cada vez mais sufocante, do governo em relação ao empresariado – via carga tributária, antecipando muitas das discussões e dos desdobramentos da MP 232, que se viu na imprensa diária muito depois. E por falar em política, a professora Mary Kaldor, em entrevista para a revista, faz uma análise das mais interessantes sobre o papel das ONGs no mundo de hoje, só comparável a um alentado caderno, sobre o mesmo assunto, desovado pelo Estadão, semanas antes. Raymond Aron, em texto de Ipojuca Pontes, recebe finalmente a merecida homenagem por seu centenário (alardeado, mas muito pouco explorado, pela mídia tupiniquim). Para encerrar, Flávia Rocha, também ex-Editora D’Ávila, talvez o nome mais forte da poesia brasileira atualmente no exterior, nos presenteia com “Algas à noite”, uma peça bilíngüe, justamente quando a literatura passa longe do sistemão das grandes publicações. Entre outros destaques (Hugo Estenssoro, Caio Blinder, Mario Vitor Santos,... – a lista é enorme). Em tempos estranhos como os nossos, que se feche um número dessa qualidade, nas bancas, já é um feito inestimável. Agora, que se tenha repetido o feito durante 4 anos é coisa de gente sobre-humana, como Reinaldo Azevedo, e de outros hoje extintos super-homens das rotativas nacionais.
>>> Primeira Leitura
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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