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BLOG

Segunda-feira, 30/7/2018
Blog
Redação
 
Uma jornada Musical

Eu tinha 16 anos quando tive minha primeira experiência com musical em uma sala de cinema. Naquela época, dez anos atrás, o gênero já havia deixado de ser moda há tempos, enquanto eu estava na onda dos filmes de ação que saiam aos montes. Porém, não poderia negar um filme com Johnny Depp, fosse ele qual fosse. Sweeney Todd (2008) não foi o primeiro musical que assisti, mas o mais marcante (por ter sido o primeiro no cinema) e, por isso, nunca me atrevi a assisti-lo novamente.

Em 1927 o cinema recebeu uma surpresa, em busca de inovação a Warner Brothers lançou The Jazz Singer (O Cantor de Jazz, dirigido por Alan Crosland). Embora as canções não parecessem muito com o jazz como conhecemos, o filme foi um marco por trazer, pela primeira vez, um disco de acetato onde as falas e a música eram sincronizadas. Até então o cinema mudo contava com trilhas sonoras emprestadas de Tchaikovsky, Wagner, Chopin e muitos outros compositores clássicos, mas essa nova empreitada pedia mais, então os grandes estúdios começaram a contratar compositores ainda vivos, que podiam criar canções originais para seus filmes.

Outro musical que me lembro, embora vagamente, é O Mágico de Oz, versão de 1939, não recordo qual o motivo, mas o exibiram na escola onde eu estudava o primário. Partindo para os filmes que marcaram época e, vez ou outra, os encontramos em algum artigo quando o assunto é cinema, ou até mesmo história, todos devem se lembrar de Cantando na Chuva (1952) onde os diretores Stanley Donen e Gene Kelly apresentam não só um musical, mas também um sapateado que se tornou uma referência ao filme – uma das danças do filme foi usada em O Lado Bom da Vida (2012, dirigido por David O. Russell) e ficou formidável.

Depois disso tivesse diversas produção, tendo seu auge entre os anos 1950 e 1980, e muitos viraram grandes espetáculos, o vieram deles, como A Noviça Rebelde (1965, dirigido por Robert Wise) que ganhou a crítica e o público nas telas e na Broadway. Hoje vemos que assim como o cinema em si, o musical foi tomando novos rumos, por vezes parece que hoje não temos mais nenhum filme que se encaixe no gênero, mas se olharmos com atenção vemos que eles apenas se modernizaram e trouxeram a moda para si. Vemos esse novo musical em filmes como Apenas Uma Vez (2006), Mesmo Se Nada Der Certo (2013), a franquia Ela Dança, Eu Danço e Música, Amigos e Festa (2015).

Musicais é um assunto que tem muita lenha para queimar, se formos mencionar cada ator que merece (e os que não merecem, também) destaque, teríamos um texto para ser lido por horas a fio. Como meu tempo não permite e também, por ter vivido em épocas totalmente distantes, não poderia trazer nada que muitos dos leitores já não saibam. Mas fica aqui o início, lembrando que essa semana chega aos cinemas mais um musical oriundo dos palcos da Broadway, Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo, que dá sequência ao filme lançado em 2008, onde vimos uma imponente e divertida Meryl Streep.

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Postado por A Lanterna Mágica
30/7/2018 às 08h32

 
Shomin-Geki, vidas comuns no cinema japonês

Tendo como grandes nomes os diretores Mikio Naruse e Yasujiro Ozu o Shomin-Geki surgiu a partir do estilo Gendai-Geki, que trazia uma visão moderna da civilização e da cultura japonesa. Já partindo para o Shomin-Geki, os diretores trouxeram enredos mais próximos da população japonesa, explorando histórias vividas pela classe baixa. Porém, tanta simplicidade impedia que filmes nesse estilo chegassem a grandes públicos, embora fossem muito populares no Japão durante os anos 30, sua simplicidade, muitas vezes, poderia ser monótona, com cenas longas ou lentas, muitas vezes focando edifícios para que o espectador possa apreciar o lugar.

Nos últimos dias o Centro Cultural São Paulo tem exibido filmes na mostra “Shomin-Geki Cinema, a família segundo Ozu, Naruse e Kore-eda”, que reúne filmes de diretores consagrados, como os mencionados, e novos diretores, como Miwa Nishikawa. Confesso que não conhecia esse movimento do cinema japonês, já tinha assistindo alguns filmes mais recentes do Kore-eda, devido ao meu interesse na cultura japonesa em geral, mas nem imaginei que havia algum segmento. Fui assistir ‘O Que Eu Mais Desejo’ (Kiseki, 2012), de Hirokazu Kore-eda, onde o diretor nos apresenta dois lados da vida, através de dois irmãos que vivem distantes depois da separação dos pais. O mais velho vive com a mãe em um lado da ilha Khyusu, enquanto o mais novo, do outro lado da ilha, mora com o pai. Enquanto o mais novo vive de uma maneira quase independente, o mais velho anseia em unir sua família novamente, embora esse desejo pareça improvável, sua esperança aumenta ao ouvir, na escola, que um desejo formulado no cruzamento de dois trens em alta velocidade se realiza. Então sua jornada começa e toma a atenção do espectador, com uma busca tão sincera no desejo de uma criança, sendo descrita com a simplicidade e sutileza que só poderia ser atingida por Kore-eda.

A mostra “Shomin-Geki Cinema, a família segundo Ozu, Naruse e Kore-eda” vai até o dia 14 de julho e terá mais uma sessão de “O Que Eu Mais Desejo”, além de “Pais e Filhos” (2013), “Era uma Vez em Tóquio” (1953) e alguns outros, e a entrada é gratuita.

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Postado por A Lanterna Mágica
11/7/2018 às 21h00

 
Eleições 2018 - Afif na JP



Afif relembra 1989, o ano que não terminou...

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Postado por Julio Daio Borges
16/6/2018 às 07h25

 
Em edição 'familiar', João Rock chega à 17ª edição

Em edição ‘familiar’ e homenagem à Tropicália, Festival João Rock chega à 17ª edição

Crédito: I Hate Flash - Divulgação

No próximo sábado, 09 de junho, acontecerá em Ribeirão Preto o Festival João Rock, um dos maiores e mais importantes eventos de música do circuito nacional.

Juntando o binômio música e entretenimento, o festival une em três palcos grandes nomes do rock do país e estilos que lhe são familiares. A programação deste ano, reúne no palco principal – João Rock – shows como o de Cordel do Fogo Encantado, na turnê de volta da banda, após oito anos afastados dos palcos; Skank, Supercombo, Gabriel Pensador, Pitty, Criolo, Raimundos, Natiruts e Planet Hemp.

Após homenagear a região Nordeste na edição passada com Zé Ramalho, Alceu, Lenine e Nação Zumbi, o Palco Brasil, este ano volta às suas energias em homenagear os 50 anos da Tropicália, em programação imperdível, com os maiores nomes do movimento: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé e Os Mutantes. O irmão de Bethânia virá para o evento com o show Caetano, Moreno, Zeca e Tom Veloso, que rendeu à família o álbum Ofertório, lançado no último mês de maio.

Gilberto Gil, após período recente de problemas de saúde, recuperado e refeito, para usar palavras que retomam o conceito caro para o músico, vem para uma dupla festa: de comemoração do Tropicalismo e dos 40 anos de lançamento do seu disco Refavela, em show idealizado pelo filho Bem Gil. O disco tem sua origem em uma visita feita pelo músico ao continente africano, no final da década 70, em que tocou em um festival na Nigéria. Esse momento o fez pensar nas suas origens africanas, bem como nordestinas, surgindo assim o sucessor do disco Refazenda [1975], segundo disco da famosa tríade de trabalhos chamada de Trilogia “Re” ; Refavela que tematizava o conceito de retomada/retorno e que termina com o LP Realce [1979], maior sucesso comercial do cantor. Além do filho participam do show Anelis Assumpção, Moreno Veloso, Chiara Civello e Mestrinho. Tom Zé e Os Mutantes fecham o line-up do palco daqueles que estavam juntos desde a gravação do disco-manifesto Tropicalia ou Panis et Circencis, em 1968, disco fundador do movimento.

No Palco Fortalecendo a Cena, entre as apresentações de Froid, Sinara, Rael e Convidados, Kilotones e a mexicana-brasileira Francisco El Hombre, temos a presença da banda Dônica, composta por Zé Ibarra (teclado e voz), Miguel Guimarães (baixo), André Almeida (bateria), Lucas Nunes (guitarra) e por Tom Veloso (compositor), filho de Caetano.

O evento ocorre novamente no Parque de Exposições Permanente de Ribeirão Preto, com capacidade de público previsto para 55 mil pessoas e ingressos ainda disponíveis para os diversos setores. A abertura dos portões acontece às 14h com início dos shows às 15h.

Festival João Rock
Data: 09 de junho de 2018
Local: Parque Permanente de Exposições de Ribeirão Preto
Palco João Rock: Banda Vencedora do Concurso de Bandas: Napkin, Pitty,
Cordel do Fogo Encantado, Raimundos, Supercombo, Skank, Natiruts, Gabriel O Pensador, Planet Hemp e Criolo
Palco Brasil – Edição Tropicália: Caetano, Moreno, Zeca e Tom Veloso;
Refavela 40: Gilberto Gil, Bem Gil, Anelis Assumpção, Mestrinho e Chiara Civello, Os Mutantes e Tom Zé
Palco Fortalecendo a Cena: Froid, Rael e Convidados, Dônica, Kilotones,
Sinara e Francisco El Hombre



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Postado por Sobre as Artes, por Mauro Henrique
5/6/2018 às 19h26

 
Minha história com Philip Roth

Deve ter sido o Paulo Francis quem primeiro me chamou a atenção para o Philip Roth (1933-2018).

Em “Waaal” (1996), seu “Dicionário da Corte”, Francis nos diz que Roth era um “gigante” perto da literatura “liliputiana” dos nossos dias. E era mesmo.

Mas lembro de começar a ler o Philip Roth *mesmo* na época do Daniel Piza. Na época da sua coluna “Sinopse” na Gazeta Mercantil (1996-2000).

Depois de ler o registro de suas impressões sobre “O Teatro de Sabbath” (1997) - onde ele dizia que marcara vários trechos com caneta “marca texto” - era muito difícil ignorar Roth e seus escritos.

Em 1998, finalmente li “Pastoral Americana”. E o que me chamou atenção, na época, foi a desconstrução do sonho americano.

Philip Roth tinha a capacidade de fazer o leitor entrar na alma americana. De repente, eu me sentia parte da sociedade norte-americana, sem nunca ter sido...

Quando escrevi a respeito (está como “Philip Roth e a Pastoral Americana” no Google), acho que eu queria soar tão bombástico quanto o romance soou para mim. E caprichei na prosa poética - que hoje eu identifico como o estilo de alguém que está começando (e testando seus limites)...

Nos Estados Unidos, comprei “Complexo de Portnoy” (1969) e “Operação Shylock” (1993) em inglês - dois romances que mereceram elogios rasgados do Francis -, mas acabei não lendo.

Fui ler “A Marca Humana” em 2002, já na época do Digestivo. Perto da fatídica eleição presidencial de 2002, o que me ficou, do romance, foi o horror da correção política, que já dominava os Estados Unidos, e que estava se estabelecendo, com a ascensão da esquerda, no Brasil.

Roth previu toda a histeria a que estamos assistindo - sendo o último capítulo essas acusações infindáveis de assédio, quando vão conseguir proibir até o assobio, para uma mulher, na rua...

No livro, um personagem negro - sim, negro - é acusado de racismo. E é perseguido, como professor universitário, pelas patrulhas...

Numa entrevista de Roth, dessa época, ele assume uma postura quase “anti-intelectual”. Antiacadêmica. Tudo o que Jordan Peterson denunciou - aquele pensador canadense que está na moda -, Roth já havia antevisto na virada do milênio.

Meu texto - que está como “Philip Roth e a marca humana” no Google - foi considerado um exemplo de crítica literária, na época, pelos meus colegas de Digestivo. Lembro que até peguei um erro do Daniel Piza, numa resenha dele, apressada, para o Estadão (mas não incluí no meu texto).

Em 2006, li “O Animal Agonizante”, e, embora seja da fase final de Roth, de que eu gosto menos, tínhamos começado uma parceria com a Companhia das Letras, no Digestivo, e eu fiz questão de disponibilizar um exemplar para todos os Colunistas que quisessem ler...

Digo que “gosto menos” porque, na fase final de Roth - na idade em que muita gente já está aposentada no Brasil -, ele trata muito da decadência física, da proximidade da morte, e cada novo livro soa como se fosse o último, como uma despedida...

Os grandes painéis da vida americana, como “Pastoral Americana” e “A Marca Humana”, haviam ficado para trás. Roth assume um tom mais confessional, e, apesar de continuar brilhante, e um exemplo de escrita, não alça mais grandes voos.

Com exceção, talvez, de “Complô contra a América”, uma ficção histórica, de 2004, lançada aqui em 2005, que, em português, achei maçante, ainda que, no Digestivo, tenhamos publicado uma resenha do Sérgio Augusto.

O último grande livro de Roth que li... foi o primeiro. Sim, você leu certo. “Adeus, Columbus” (1959) foi seu primeiro livro de contos, quando ele tinha 26 anos, e que a Companhia de Bolso publicou, aqui, em 2006.

Li, encantado, em 2007. Roth, na sua estreia, já era genial. Procurei se escrevi a respeito, na época, mas não encontrei... De qualquer forma, como são contos, considero a “porta de entrada” para o universo de Roth. Pode-se ler sem medo. É maravilhoso.

Nos últimos anos, senti falta desse universo, comprei e tentei ler “Complexo de Portnoy” em português. Mas achei muita masturbação. Literalmente ;-)

Quando Roth estava vivo, era lugar-comum dizer que ele era um dos maiores escritores vivos, senão o maior deles. Agora, virou lugar-comum dizer que, apesar disso, ele não ganhou o Nobel.

Roth se inscreve na melhor tradição do romance americano e seguiu os passos de outros grandes como Saul Bellow e William Faulkner.

Tive a sorte de ser seu contemporâneo, de ler alguns de seus grandes livros, e de sofrer a sua influência. Assim como o Paulo Francis e o Daniel Piza foram meus heróis no jornalismo, Philip Roth foi - é e sempre será - um dos meus heróis literários.

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Postado por Julio Daio Bløg
27/5/2018 às 20h17

 
Lars Von Trier não foi feito para Cannes

O cinema sempre passou por mudanças no decorrer dos anos, muitas delas revolucionárias, que levavam uma nova visão de mundo a quem estivesse disposto a ver. Não era aquele mundo de mocinhos e bandidos, da típica jornada do herói. Era um mundo cru, livre de efeitos especiais e com clichês tão comuns que pareceria a história de qualquer um que estivesse assistindo. Foi assim na França, quando Claude Chabrol, François Truffaut e outros tantos cineastas franceses começaram a tomar a cena cinematográfica do país, após as manifestações estudantis de 68, iniciando o que a jornalista Françoise Giroud chamaria de Nouvelle Vague. Em uma Itália pós-guerra, Roberto Rosselini, Vittorio De Sica e Luchino Visconti fizeram o mesmo, com o que é conhecido como Neorrealismo. E o Brasil não ficou para trás, quando em época de ditadura, Glauber Rocha e Carlos Diegues se uniram a outros cineastas nordestinos e deram origem ao Cinema Novo. Todas essas manifestações tiveram algo em comum, o realismo, a necessidade de trazer o cinema para mais perto do cotidiano comum e mostrar para o mundo as injustiças, crenças e superações do povo.

Com o dinamarquês Lars Von Trier não foi diferente, em 1995, ao lado do também diretor Thomas Vinterberg, iniciou o movimento Dogma 95, que propunha um cinema mais real e menos comercial. Os filmes que estrearam o movimento nos cinemas foi Festa de Família (1998) de Vinterberg e, alguns meses depois, Os Idiotas de Lars Von Trier. Mas a visão de Lars sobre a realidade era um pouco mais peculiar em relação a ideia dos movimentos nos outros países e o que esses denominavam como cinema cru, algumas vezes nas mãos do dinamarquês ganhava outras letras e se tornava "cruel", o que lhe rendeu muitas polemicas e intrigas no decorrer da carreira.

Realidade de uma persona non grata, retorno e debandada em Cannes

Em 1994 Lars recebeu os prêmios do júri em Cannes, com o filme 'Ondas do Destino', e a Palma de Ouro com 'Dançando no Escuro' em 2000. Mas foi em 2011 que as coisas mudaram para o diretor, no lançamento de 'Melancolia' quando Lars disse que "entendia Hitler', logo a organização do Festival de Cannes lhe deu o "prêmio" de persona non grata e o baniu do evento. O exilio durou 7 anos e, depois do que foi apresentado no último dia 14, há quem diga que tal afastamento poderia ter durado mais tempo.

Lars Von Trier sempre foi um diretor polemico, certo que as vezes ele exagera na realidade que busca trazer para os seus filmes. Dessa vez não foi diferente, com 'The house that Jack built' (que deve chegar ao Brasil ainda este ano) Lars trouxe um lado mais violento da sua realidade. Jack é um serial killer e essa foi a maneira que ele achou de mostra-lo, nada acontece por traz das cortinas, o que ele entrega não é os gritos de horror atrás de uma porta fechada, está tudo ali, tudo cru, para quem tiver estômago para ver.

Embora alguns atores tenham concordado com a existência de cenas pesadas demais, partiram em defesa do diretor, ressaltando a arte que Lars apresenta no filme, "Não houve hesitação da minha parte quando Lars me convidou para fazer 'The House That Jack Built'. Ele é um artista", disse Bruno Ganz disse em entrevista ao portal O Globo. Já a atriz Siobhan Fallon Hogan – que já havia trabalhado com o diretor em Ondas do Destino (1994) – partiu em defesa do filme, afirmando que "Estamos falando de um serial killer, não há outra maneira de descrevê-lo".

The House That Jack Built deve estrear no Brasil ainda esse ano, para nós só resta esperar para ver se esse Lars Von Trier que fez tantos especialistas desertarem em um festival como é Cannes, vai aproveitar-se de toda essa polêmica e lotar as salas do circuito cult de cinemas do país.

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Postado por A Lanterna Mágica
27/5/2018 às 11h52

 
Greve de caminhoneiros e estupidez econômica

Não devia escrever nada sobre greve de caminhoneiros porque não é assunto que domino. Porém vi nas redes sociais tanta besteira escrita por economistas e por ideólogos que acham que leram alguma coisa sobre economia que não resisto.

As transportadoras têm contratos e os caminhoneiros podem não conseguir aumentar os fretes para acompanhar mudanças rápidas do preço do combustível. Não é absurdo segurar preços por um mês, dando tempo ajustarem os preços.

Dá para observar isso sem deixar de entender que incentivar queima de petróleo é destrutivo para o ambiente, para a saúde da população, para o bom funcionamento da economia, e para a condução honesta de todos os assuntos da república. A burrada de construir uma sociedade inteira dependente dos caminhões foi coletiva e duradoura, demora para ser corrigida.

Nessas horas dá a impressão que politicamente as opiniões se dividem em 3 grupos: os que querem subsídio ambientalmente destrutivo aos combustíveis poluentes porque são de esquerda, os que querem subsídio socialmente destrutivo aos combustíveis poluentes porque são de direita, e uns 18 que são contra o subsídio e a destruição do patrimônio ambiental e social do país porque são meus amigos.

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Postado por O Blog do Pait
25/5/2018 às 10h36

 
Publicando no Observatório de Alberto Dines

Na minha época de colunista independente, antes do Digestivo, fui publicado, muitas vezes, pelo Observatório da Imprensa e, hoje, agradeço ao Alberto Dines.

Eu era um simples estudante recém-formado de Engenharia, que tentava emplacar meus textos (antes dos blogs e das redes sociais) - e o Observatório nunca quis saber se eu era jornalista ou se conhecia alguém na redação.

A única exigência era que o assunto fosse mídia. Como eu não tinha compromisso com ninguém (eu não era da área) e não fazia média, acabei me metendo em, pelo menos, duas polêmicas involuntárias.

Uma foi com o Jô Soares, à qual ele nunca me respondeu. Ele havia acabado de lançar seu segundo romance, ruim pra chuchu, mas, como toda a mídia dependia do programa dele, muito cotado naquela época, para fazer divulgação, ninguém tinha coragem para dizer que o rei estava nu.

Ao contrário da maioria dos resenhistas, que era só elogios, eu resolvi *ler* o romance, e era uma porcaria. Escrevi meu texto com trechos do livro, exemplificando. E minha tese era a de que todo mundo dependia do seu beneplácito, então ninguém tinha peito para lhe falar a verdade.

O texto foi parar na versão impressa do Observatório da Imprensa e mudaram o título para “O Gordo Intocável”. Eu nunca chamaria ele de “gordo”, mas tudo bem. Meu título era: “Quem tem medo do Jô Soares?” (está no Google).

O fato é que tempos depois, um jornalista inglês da BBC quis me entrevistar. E, mais tarde, eu descobri, por um amigo que foi trabalhar na mesma BBC, que, entre as “fontes” sobre Jô Soares, em todo o Brasil, eu era a única “contra”.

Meu amigo me deu essa informação aos risos. Anos depois, no auge do Digestivo, alguns Colunistas achavam que eu deveria “ir ao Jô Soares”, para falar do site. Achei que seria uma hipocrisia. E o programa acabou decaindo (para a minha sorte)...

A outra polêmica foi com o Ruy Castro. Mas essa não me impediu de conhecê-lo. E de ter um contato amigável com ele.

Foi uma vez em que o Ruy escreveu um artigo no Estadão criticando o rock’n’roll. E eu escrevi outro, em resposta ao dele: “Ruy Castro e a Mistificação do Rock” (tem no Google também).

Saiu no Observatório da Imprensa. Eu, obviamente, não conhecia o Ruy Castro. Só o admirava pelos livros.

Pois bem: o Observatório levou meu artigo a sério e ligou para o Ruy Castro - mas ele “não quis comentar”.

Hoje, conhecendo o humor dele, deve ter pensado: “Quem é esse desconhecido, que tem a cara de pau de me criticar, é publicado pelo Observatório, e ainda me pedem comentário?”.

Anos mais tarde, numa Bienal, em que fui encontrar o Sérgio Augusto, que já me lia, acabei sendo apresentado para o Ruy Castro e dei meu cartão a ele, que ficou olhando meu nome impresso, sem emitir nenhum som. Tentando quebrar o gelo, perguntei se a letra estava muito pequena - ao que ele me respondeu, com voz grave e séria: “Não, está, não. Eu enxergo muito bem!”.

Depois soube que ele indicava o Digestivo para amigos. Acabamos trocando e-mails. Conversando por telefone e pessoalmente. Já o entrevistei, mais de uma vez. E ele me manda seus livros - o que eu considero um privilégio.

Mas nunca comentamos sobre aquele meu texto no Observatório da Imprensa...

A ideia do Alberto de Dines, de fiscalizar a mídia, e principalmente os “jornalões”, rendeu uma certa notoriedade aos meus escritos, e algumas reações divertidas, como as de cima.

Além de toda a importância do Dines para a jornalismo do Brasil, ele tinha essa abertura para novas vozes - algo que não é o comum nesse meio, de indicações e de amigos de amigos.

Numa era de profusão das fake news, o slogan de “nunca mais ler jornal do mesmo jeito” soa quase ingênuo. Mas foi importante naquele momento. E, como outsider, consegui participar do O.I. e até me divertir. Descanse em paz, Alberto Dines.

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Postado por Julio Daio Bløg
23/5/2018 às 14h15

 
Lançamentos em BH

Sábado, 26 de maio, durante o evento Pensar Edição, Fazer Livro 2, haverá relançamentos dos novos livros de poemas de Ana Elisa Ribeiro (Álbum, Relicário), Bruno Reoli (Lápide, Páginas) e o lançamento de obra da poeta portuguesa Adília Lopes, Um jogo bastante perigoso, pela editora Moinhos. O PEFL acontecerá na Academia Mineira de Letras e os lançamentos ocuparão o período de 10h às 13h.

LeP



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Postado por Ana Elisa Ribeiro
22/5/2018 às 15h32

 
Tom Wolfe

Tom Wolfe era um daqueles jornalistas “maior que o jornalismo”. *Ele* era o assunto - tanto quanto o assunto sobre o qual escrevia...

Embora a comparação não seja justa - e nenhum dos dois talvez concorde -, eu o aproximo do Paulo Francis. Ambos escrevendo num estilo “apimentado”; ambos personalidades transbordantes; ambos com grande presência cênica; e ambos se metendo em polêmicas e criando inimizades “para a vida inteira”...

Leio que Plauto, o comediógrafo romano, quando escrevia uma peça, tinha de competir com toda a sorte de “atrações”, inclusive gladiadores... E como chamar a atenção do público senão exagerando bastante?

Foi o que a New Yorker escreveu sobre Tom Wolfe. Como competir com os anos 60, a música, as revoluções, a televisão... Como - sem carregar nas tintas?

Repare que o mesmo vale para Paulo Francis, que “apareceu” criticando teatro, apanhando do marido da Tônia Carrero, depois criticando Carlos Lacerda na televisão, sendo preso pela Ditadura, se auto-exilando em Nova York, metendo o pau no Brasil, acabando processado, e talvez morto, pela Petrobras...

Nelson Rodrigues, outro “exagerado” - com estilo apimentado, presença cênica, polêmicas e inimizades também -, repetia que o que é dito apenas uma vez, permanece inédito. Era uma flor de obsessão. E tinha lá as suas razões...

A diferença entre Francis e Wolfe é que o último conseguiu nos deixar mais livros, diria Piza. Francis tinha um grande efeito imediato; mas dialogava mal com a posteridade.

A crítica de Wolfe deve ficar. Não é preciso nem ler os livros para saber do que se trata - os títulos falam por si (mesmo em nossa língua): “Da Bauhaus ao nosso caos”; “A Palavra Pintada”; “Fogueira das Vaidades”...

Ele tentou ficar sério com os romances. Ou ser levando a sério. Ou ambos. Mas já era tarde demais...

Norman Mailer - um desafeto - explicou que algumas características o romancista só adquiria na juventude. Wolfe começou tarde. O Wolfe romancista, portanto, não merecia atenção...

Seja como for, a descrição da recepção oferecida aos Panteras Negras, por Leonard Bernstein, em “Radical Chique”, nunca mais saiu da minha cabeça - a ponto de eu não conseguir mais encarar Bernstein sem pensar no “Lenny” de Wolfe...

Lendo “Ficar ou não ficar”, aprendi a repetir vogais, e pontos de exclamação e interrogação, sempre em número ímpar. Fora outros truques que me ajudaram, mas que, com o tempo, eu abandonei, procurando um estilo mais sóbrio...

Sempre penso que os autores da antiguidade - os que nos chegaram - não abusavam dos pontos de exclamação, dos itálicos, das maiúsculas, nem das onomatopéias...

Ao mesmo tempo, conheci tanta gente que foi “mexer” com jornalismo por causa do Paulo Francis. (Eu, inclusive.)

Às vezes, falta uma personalidade. (Olha a nossa política...)

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Postado por Julio Daio Bløg
16/5/2018 às 09h57

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Keiyo Kanuma
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(2003)



A Fada da Fala
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Livro Literatura Estrangeira Não Conte a Ninguém
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