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Quinta-feira, 21/9/2006
Podcast: carta de alforria
Daniel Bushatsky

Os podcasts estão crescendo no mercado mundial como uma nova forma de distribuição de arquivos multimídia, tanto para áudio quanto para programas de vídeo. Eles estão demonstrando que a população cibernética procura assuntos específicos para ouvir ou ver, pinçando o ouro do rio.

Mas será que isto é produtivo? Uma leitura rápida do título diria que sim, é uma carta de alforria. Carta, esta, dada aos escravos para comprovarem a liberdade, e, no nosso caso, retirando os péssimos programas veiculados nas emissoras, sobrando só os que, no nosso ponto de vista, possuam qualidade.

Desta forma, não precisamos, teoricamente, nos preocupar com entretenimento, este sempre será "legal", utilizando, propositalmente, uma expressão nada criteriosa. Ninguém fará um download e arquivará, periodicamente, um programa que julgue de profundo desinteresse.

Nesta linha de raciocínio, encontramos a primeira carta de alforria, ou seja, liberdade e qualidade para nossos sentidos.

Por outro lado, dependendo da nossa disposição em pesquisar novas podcasts e tempo hábil para descobertas (estamos falando do comodismo), nos confinaremos, inconscientemente, em uma caverna semelhante à de Platão.

Ou seja, dogmatizaremos nossa linha de raciocínio à opinião do criador do postcast. Enquadraremos nosso gosto ao poder de crítica e persuasão deste mentor escolhido para nos entreter.

Em suma, por meio do podcast teremos aprisionado a nossa possibilidade de conhecer o novo. Como sairemos desta redoma? A carta de alforria desta vez se inverte: a liberdade, talvez, esteja em ver também porcarias. Estamos diante de uma faca de dois gumes.

Como se entreter sem se chatear?

Ora, a palavra chave é proporcionalidade. O tempo, o seu tempo, cada vez mais precioso, deve ser economizado com podcasts, realmente interessantes no seu ponto de vista.

Mas não se esqueça da maravilha de descobrir o porquê da expressão "gosto não se discute", e, principalmente, que novas culturas surgem a todo o momento.

Para não se enclausurar, para se ter a real carta de alforria, deve-se, sim, adotar um podcast, porém, sem perder a capacidade de criticar, positiva ou negativamente, tudo o que se ouve ou vê, dando oportunidade ao vôo mágico do livre arbítrio e da respectiva liberdade que isto nos trás.

Daniel Bushatsky
21/9/2006 às 15h02

 

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