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Sexta-feira, 13/10/2006
Primeiro Amor
Guilherme Conte

E não é que, em meio a tantas montagens incensadas em torno do centenário do dramaturgo irlandês Samuel Beckett (1906-1989), a mais interessante delas até agora vem sem alarde ou fogos de artifício? É Primeiro Amor, um monólogo do ator Marat Descartes sobre o romance homônimo, com direção de Georgette Fadel.

Um dos textos mais intrigantes de Beckett, escrito em 1945, o curto romance traz um homem angustiado em torno de reflexões sobre sua vida, sobre o amor, sobre sua relação com o mundo. É uma de suas grandes discussões sobre a impossibilidade do contato, sobre a falência do discurso - em pleno ano da bomba.

Marat e Georgette tecem um Primeiro Amor em que não há obstáculos para que o genial texto flua livremente. As lacunas são preenchidas com precisão. A iluminação é muito interessante e por vezes parece interagir no espetáculo.

Um trabalho limpo, livre de amarras. Um grande ator em pleno exercício de suas condições. Uma direção consciente de que seu trabalho ali é dar vazão ao texto por meio de um ator que não se perca em virtuosismos ou adornos desncessários. Justa homenagem a Beckett.

Para ir além
Primeiro Amor - Espaço dos Satyros 1 - Pça. Franklin Roosevelt, 214 - República - Tel. (11) 3258-6345 - R$ 20 - Sexta e sábado, 24h - 55 min. - Até 28/10.

Guilherme Conte
13/10/2006 à 00h01

 

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