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Segunda-feira, 4/12/2006
Fonte da Vida, de Aronofsky
Marília Almeida

Desde o dia 25 de novembro em cartaz no país e anteriormente exibido na 30º Mostra Internacional de Cinema de SP, Fonte da Vida é uma surpresa progressiva que resulta em um filme extremamente poético e metafórico.

Após dirigir em 2000 o vertiginoso Réquiem para um sonho, o norte-americano Darren Aronofsky mantém seu estilo de filmagem, apesar do roteiro fantasioso e erroneamente classificado como ficção científica. Seu núcleo principal é tão realista como o mundo das drogas de Réquiem... e pode ser visto mais como uma viagem mental de seu protagonista.

A fotografia deslumbrante, com belos enquadramentos e cores sóbrias, mas vivas, é o que se sobressai no longa, depois da narrativa ágil e complexa que Darren já havia criado no aclamado PI (98). O diretor também reforça sua habilidade para costurar diferentes histórias como em Réquiem.

As três histórias do longa dividem-se na Espanha medieval, onde o leal cavaleiro Tomas Creo busca a mítica Árvore da Vida que salvará sua rainha; no plano da atualidade, quando Tommy Creo busca a cura para o câncer de sua esposa através de experiências com animais, e, por fim, um plano futurístico que leva Tom para a solução de suas angústias.

É difícil pensar que o casal de protagonistas poderiam ser o originalmente cogitado Brad Pitt e Cate Blanchett. O "Wolverine" Hugh Jackman e a ganhadora do Oscar pelo filme O Jardineiro Fiel, Rachel Weisz, possuem uma química essencial para tratar de uma história sobre temas graves como o amor e a morte. Não é difícil acreditar que há uma perda amorosa em frente a nós, na tela. Aliás, a troca de protagonistas foi apenas um dos problemas enfrentados pela produção do longa, que estava sendo pensado desde 2002.

Quando Pitt saiu do projeto, produtores se desinteressaram pelo filme, o que fez com que seu orçamento estacionasse na base de US$35 milhões. Isso não prejudicou seus efeitos especiais de superprodução, filmados em um laboratório com experiências químicas. Essas dificuldades fizeram com que o cineasta notadamente independente não trabalhasse com extremos, apesar de Fonte da Vida ser seu primeiro filme de estúdio.

Por outro lado, em alguns pontos sua narrativa contém cenas desnecessárias e repetições demasiadas, defeitos que apenas enfatizam o estilo de Darren: eficaz e emocionante, ainda que de deglutição demorada. Mas é assim que, afinal, surpreende e quebra padrões.

Marília Almeida
4/12/2006 às 13h14

 

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