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Segunda-feira, 25/12/2006
De dentro do apagão aéreo
Ram Rajagopal

O tal apagão da TAM já se delineava desde segunda-feira, 18 de dezembro. Estive em Brasília na segunda, e foi um drama para pegar o voô de saída. Eram 3 guichês atendendo uma fila de centenas de pessoas. Como não tinha bagagem para check in, consegui ir para o guichê rápido com minha namorada. Mas uma colega dela não teve a mesma sorte. Alem de tudo estava doente, e praticamente desmaiou na fila.

Isso depois que eu já tinha ido procurar os funcionários no guichê da TAM para pedir que encarecidamente a atendessem antes, pois além do nosso vôo já estar no horário de saída (chegamos com 2 horas de antecedência!), a menina estava passando muito mal. Os funcionários do guichê se limitaram a dizer que "estavam controlando as aeronaves no solo, que só sairiam depois que todos fossem atendidos". Um sugeriu que ela mentisse dizendo que estava grávida! (A amiga, que é exageradamente correta para nossos padrões, não quis fazer isso.)

Sorte nossa que eu e a minha namorada fomos embarcar e conversamos com o comandante do avião, fazendo-o esperar pelos 10 passageiros que ainda faziam o check-in das malas. Foi cerca de 1 hora e meia de atraso. Nunca tive reclamação alguma contra a TAM, sempre tendo tido ótimas experiências de viagem. Por isso dei um desconto, e deixei pra lá... Quem imaginava que era prenúncio de um apagão?

Um outro lado do apagão se delineava ainda na fila. Pessoas descontroladas, empurrando o carrinho para cima das outras, gritando aos berros, maltratando outros passageiros e funcionários da empresa TAM. Eu entendo reclamar, ser ríspido, ser duro, mas xingar ou agredir, para mim, é selvageria demais, coisa que não condiz com civilidade. Sinto que cada vez mais as pessoas têm menos carinho umas pelas outras... Fiquei bem triste.

Eu já tinha ido ao aeroporto com a expectativa de atrasos, dado o recente apagão aéreo. E expressei minha revolta e indignação com o funcionario da TAM e com o gerente, dizendo que a fila não deveria ser administrada como estava sendo feito... Eles não foram muito gentis (e me colocando no lugar deles, o que poderiam fazer? Eram 4 contra 400), e estavam desesperados também... A empresa estava despreparada para o fluxo de passageiros.

Mas fiquei mesmo chocado com o tipo de selvageria dos passageiros no aeroporto. Inclusive minha namorada e eu já tinhamos combinado que, se fosse o caso, teríamos que ficar até quarta-feira, e ela iria perder uma das cerimônias da sua formatura... Fazer o quê? Eu jamais irei agredir fisicamente e verbalmente uma pessoa numa situação dessas... Não adianta nada... Alguns passageiros no aeroporto ameaçaram jogar malas (!) nos funcionários...

Me perguntei na hora: não seria esta uma oportunidade de demonstrar o verdadeiro espírito natalino? Será que estas pessoas acham que espírito de Natal é somente estar feliz em casa com seus familiares? Na semana de celebrar o nascimento de um redentor, que passa por todos sacrificios para ensinar a seus seguidores o valor do amor, a reação dos repórteres, funcionários e especialmente passageiros da TAM parece demonstrar o contrário. Se o Natal é somente um pretexto para voltar para a casa e descansar, sejam mais espertos e troquem o dia de feriado. Trabalhem no dia 25 de dezembro, e vão para casa no dia 8 de fevereiro...

E para aqueles que não conseguem controlar sua raiva ou palavras agressivas, e agridem inclusive outros que esperam na fila, ou atiram computadores em funcionários, ameaçando-os de morte, sugiro que o Natal não seja comemorado com ceia em familia, e, sim, na companhia de um psiquiatra...

Update
Hoje, 23/12, atrasou o voô do irmão da minha namorada; e o que será feito? Simples: ele irá processar a empresa. Sem necessidade de agressão física ou xingamentos...

Ram Rajagopal
25/12/2006 à 00h07

 

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