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Quinta-feira, 15/2/2007
Razões e sensibilidades
Julio Daio Borges

Sob o texto impecável e as idéias sempre em ebulição - e confusão - aparecia aqui e ali o homem inquieto que alimentou para si as mais altas aspirações e as viu naufragar uma a uma. Da crítica de teatro ao jornalismo, Francis quis tudo - e teve o que pôde ou deixaram.

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Dezenas de subarticulistas o elegem santo padroeiro para escorar vacilações intelectuais e agressividade verbal, sem levar em conta que o Paulo Francis a que tanto exaltam não foi um personagem dado e acabado, mas o resultado de um percurso intelectual rico e conturbado que seus admiradores de hoje certamente não teriam a mesma coragem em percorrer, bons fiscais de obras prontas que são.

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Deste tipo de intelectual não se deve alimentar qualquer nostalgia, já que são, como costuma acontecer, legítimos e bem acabados produtos de seu tempo, irrepetíveis nas páginas de jornal ou no comando de editoras. Sua lembrança serve, isto sim, como uma forma de pensar no esvaziamento intelectual de profissões que não são melhores ou piores do que outras mas que tratam da espinhosa combinação de pragmatismo e reflexão, cada vez mais difícil em nossos dias.

Paulo Roberto Pires, no No Mínimo (porque um dos melhores textos sobre o Francis não saiu neste ano...)

Julio Daio Borges
15/2/2007 à 00h27

 

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