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Quinta-feira, 19/4/2007
Os tataravôs da filosofia
Tais Laporta

"Chegou a vez de conhecer os pré-socráticos". Com esse anúncio, o filósofo especializado em filosofia antiga, Roberto Bolzani Filho, iniciou mais uma etapa do curso Os Pensadores, na Casa do Saber . Como o próprio nome diz, atribui-se o rótulo de "pré-socráticos" aos filósofos que antecederam o inquietante Sócrates.

Restam apenas alguns fragmentos sobre eles. A maior parte, citações de outros autores, como conta Bolzani. "Por terem disseminado suas teorias oralmente, o conhecimento que nos chega é indireto". Apesar de incluídos no mesmo rol, os pré-socráticos se apoiaram em três estudos diferentes: unidade e permanência, crítica à teologia mitológica e o problema do ser.

Os que estudavam a primeira categoria eram físicos ou naturalistas. Buscavam na natureza um elemento comum a todas as coisas. Procuravam, assim, um sentido único na multiplicidade. Segundo Bolzani, acreditavam que todas as coisas fossem permanentes, embora tivessem fases: geração, crescimento, corrupção e destruição. "Apesar de investigarem os mesmos objetos, os naturalistas chegavam a conclusões divergentes", complementa o filósofo.

Tales de Mileto, o pai da filosofia, acreditava que a água era o princípio de tudo. Anaxímenes discordava. Para ele, era o ar. Já Empédocles dizia que a unidade estava na combinação de quatro elementos: fogo, água, terra e ar. Demócrito, por sua vez, diria que o princípio de tudo está nos átomos dispostos no vazio. Da relação entre ambos perceberíamos as coisas como são: doces ou amargas, quentes ou frias.

Alguns pré-socráticos questionavam a mitologia grega. Estes criaram uma nova concepção de divindade. Para Xenófanes, Deus seria único e imutável, ao contrário dos deuses de Homero. Quanto ao "ser", Heráclito e Parmênides andavam em direções opostas. O primeiro dizia que a natureza é uma combinação de contrários. Tudo estaria, então, em constante mudança. "Nos mesmos rios entramos e não entramos, somos e não somos", diz a famosa máxima. Parmênides, por outro lado, defende um ser imutável "O ser é. O não ser não é". Ou seja, o ser nunca foi, nem jamais será. Apenas é.

Embora superadas por outras correntes, essas idéias abriram terreno para o pensamento posterior. Sócrates, Platão e Aristóteles viriam de carona. São os grandes nomes que seguem no curso.

Tais Laporta
19/4/2007 às 12h38

 

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