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Segunda-feira, 30/4/2007
Primeira sobre (o) Podcast
Julio Daio Borges

1. Como você vê o podcast no Brasil?
Vejo como uma midia em expansão. Ainda não passou pelo boom por que os blogs passaram, mas vai demorar menos, acho, porque a midia estabelecida já está adotando. Eu descobri os blogs em 2001-2002, mas eles so' foram estourar no ano passado, cinco anos depois, quando a grande midia encampou. Ainda existe muito amadorismo nos podcasts brasileiros, mas eu acredito no formato. No Digestivo, percebemos que abre uma nova dimensão, além do texto.

2. Por que as rádios não personalizam seus podcastings, ou até mesmo por que elas não investem nisso?
Porque - como os jornalistas de papel achavam em relação aos blogs - os radialistas da midia convencional acham que o podcast é uma moda passageira... Tem também a questão do dinheiro: por enquanto, podcast e' investimento, não existe um modelo consolidado para gerar receitas. Mas o podcast vai chegar la'; como os blogs chegaram. E eu acredito que em menos tempo. As rádios estão bobeando - como os jornais e as revistas bobearam -, porque eles têm um acervo imenso e poderiam, se quisessem, tomar a internet de assalto...

3. Por que não vemos investimentos publicitários em podcast, desde patrocínios de programas ou mesmo como uma mídia única, quero dizer, empresas fazendo programas, ou "anúncios", marketing usando os podcastings?
Porque o formato não é suficientemente conhecido. Eu vejo que as pessoas ainda têm dificuldade para ouvir, para "baixar", para acompanhar um podcast. É novidade ainda: tem de ir além do dia-a-dia do e-mail, Orkut, MSN etc., e muita gente simplesmente tem preguiça... O problema da publicidade é que, no Brasil, ela não processou nem a internet direito - quanto mais os blogs e, agora, os podcasts! Eu ja' ouvi falar de portais que estão agregando podcasts, para buscar patrocínios/ anúncios em conjunto. E ja' ouvi de podcasters que vão propor, às empresas, o uso como ferramenta de marketing. Foi mais ou menos o que fizemos, aqui, com a Livraria Cultura.

4. Como vê o podcast daqui alguns anos, o que ele pode virar?
No Brasil, ele pode virar o que virou nos Estados Unidos e na Europa. Muitas rádios soltam seus programas simultaneamente em formato podcast, como a KCRW e até a BBC (de Londres). Várias revistas eletrônicas, como a Slate e a Salon, têm seus próprios podcasts. Sem falar, claro, em bloggers, como Michael Arrington, Jason Calacanis e Steve Gillmor. Até musicos, como Pat Metheny, já adotaram o formato. E gente comum, claro, está aparecendo, com entrevistas, com música, com debates...

5. Qual a influência dos podcastings nas rádios? Na sua programação? Para os ouvintes?
De novo, como no caso dos bloggers e dos jornalistas, acredito que o rádio vai ficar menos sisudo, vai apostar mais em novos nomes e vai ter mais programas de nicho. E, num futuro próximo, vamos assistir às rádios convencionais contratando podcasters, como hoje revistas e jornais contratam bloggers, para voltar a falar com um público que perderam para a internet. Quanto aos ouvintes, penso que, com a possibilidade de cada um criar seu próprio programa, eles tendem a se tornar mais críticos e mais exigentes em relação às opções hoje disponíveis...

Para ir além
"Melhores Podcasts"

* * *

Ao André Bushatsky, irmão do Daniel, cujo grupo de trabalho, na faculdade de comunicação social da Faap, se inscreveu no Prêmio de Mídia Estadão, escolhendo o tema "Podcasting e o futuro da rádio"...

Julio Daio Borges
30/4/2007 às 13h50

 

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