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Terça-feira, 5/6/2007
Repescagem ou Mazel tov
Daniel Bushatsky

O glamour de ter seu nome estampado na lombar de um livro e posicionado à altura dos olhos nas grandes livrarias, com uma editora de respeito por trás e uma distribuição proporcional à sua fama, não tem preço.

Utopia? Sonho pequeno burguês, capitalista ou o nome que vocês quiserem dar? Pode ser. Mas quero deixar claro que não só é escritor quem publica assim. Mas assim é mais charmoso! É mais fantasioso! É mais hollywoodiano! E me parece mais palpável, mais material, mais eterno.

Mas não quero publicar assim por favor, por dó ou me endividando!

Quero publicar assim se meu livro for lido e aprovado por pelo menos um grande crítico ou editor, até porque um grande editor deve ser um grande crítico. Utópico de novo? Talvez porque hoje, infelizmente, para a literatura, mas felizmente para o entretenimento, os editores estejam mais para grandes marqueteiros.

Não quero dizer com isto que preciso ser o Machado de Assis do amanhã e nem que minha obra (será que será uma obra?) precisa ser uma unanimidade dos críticos, um supra-sumo. Pode ser uma boa obra, para ser lida antes de dormir ou até para colocar crianças para dormir... Quero pelo menos passar uma mensagem, idéia ou conforto a alguém. Mas, pelo amor de Deus, que sirva para alguma coisa.

Porém, hoje o começo, e acho que o final, será sempre a Internet. Precisamos aprender a escrever a um contrastante público, que lê rápido, e está conectado com o mundo, da mesma forma que está conectado com as suas poucas linhas.

Precisamos também lembrar que um livro transmite uma mensagem e precisamos de tempo para lê-lo, absorvê-lo, digeri-lo e criticá-lo. Quanto tempo você tem para isto?

Desta forma, concordo com os que dizem que o mercado literário precisa de críticas mais ferozes, de editores mais rígidos, e o leitor merece respeito das prateleiras que encontra nas livrarias.

Preocupo-me, entretanto, com os bons autores que não estarão na hora certa, no lugar certo e no momento certo, três atributos que na religião judaica são o significado da palavra Mazel Tov, para serem publicados. Estes autores amargarão uma derrota que muitas vezes deveria ser mais que uma vitória: uma estátua no meio da praça principal!

Para os infortunados, resta a repescagem e o consolo nas palavras de Wilson Martins: "Não há exemplo de grande escritor, em qualquer lugar do mundo, que tivesse dependido de incentivo externo para se expressar. Quem tem algo para fazer, faz. Se a pessoa tem algo para escrever, não precisa estimular. O iniciante precisa de obstáculos e desafios".

Ou Mazel Tov!

Daniel Bushatsky
5/6/2007 às 13h19

 

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