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Segunda-feira, 11/6/2007
Snoopy no Dia dos Namorados
Marília Almeida

A L&PM resgata em sua coleção de bolso o famoso personagem do norte-americano Charles Schulz, cartunista morto em 2000, tomando como gancho o Dia dos Namorados. Mas os dois volumes do beagle escritor mais querido do mundo, Snoopy e sua turma e Snoopy Feliz Dia dos Namorados, ao contrário do que os títulos podem fazer pensar, possuem ambos uma miscelânea de tirinhas em preto e branco que incluem, entre outras, histórias de, digamos, amor, dessas crianças que sempre têm uma sacada inteligente e bem-humorada para seus problemas.

Protagonista da maioria das tirinhas que contém o tema, Snoopy sempre escreve cartas para uma namorada imaginária, por quem é perdidamente apaixonado, mas não mais do que por seu almoço. Há também Charlie Brown, o Minduim, que sempre espera uma cartinha no dia ou ensaia mandar uma para a menininha ruiva e se surpreende quando Patty Pimentinha e Marcie, suas duas admiradoras, ligam para perguntar se ele as ama. Além deles, há as tradicionais investidas amorosas de Sally, irmã mais nova de Charlie Brown, com o melhor amigo de seu irmão, Linus. E, lógico, sem esquecer da "psiquiatra" Lucy e sua admiração pelo pianista loiro Schroeder, que parece sempre preferir a música e, conseqüentemente, não querer ser perturbado com outras coisas a não ser melodias de Beethoven.

É difícil dizer quem encanta mais. Há as tirinhas de Marcie e Patty, ou mesmo Sally, na escola, que são hilárias e sempre desnudam o pensamento infantil com relação à instituição. Sally, na verdade, chama atenção sempre, tanto pelas suas tiradas cheias de revolta e ironia ou mesmo por seus mimos, com os quais não há como não nos identificarmos (como na que, vendo TV, diz que se sentirá em casa quando não precisar saber nada, ao levar uma bronca do seu irmão, que amaldiçoa a tecnologia). A aparição do filosófico Linus também é risada na certa, principalmente nas brigas com sua irmã mais velha, que refletem perfeitamente o relacionamento entre irmãos. E, por fim, as tentativas de Snoopy de escrever um romance, que sempre recebe críticas de Lucy, também é imperdível (há uma na qual o beagle até muda de comportamento após ler livros de auto-ajuda.

As histórias somente perdem um pouco o fôlego nas tirinhas de jogos de beisebol, nas quais o time capitaneado por Minduim sempre perde, e nas aventuras do irmão de Snoopy no deserto. O mais incrível nas histórias de Schulz é que, mesmo quando não dizem nada, as imagens, para usar um clichê, dizem mais que muitas palavras, sempre com simplicidade e abusando da simpatia e carisma dos personagens e suas feições. As com Woodstock, particularmente, sempre à procura da mãe, são de uma delicadeza sem igual, assim como as reflexões de Snoopy.

Vale lembrar os números espetaculares que envolvem as tirinhas de Peanuts: elas foram publicadas diária e ininterruptamente por cerca de 50 anos em 2,6 mil jornais, atingindo 355 milhões de leitores em 75 países e 40 línguas. Após tudo isso, é capaz de continuar universal e atual, agradando crianças e adultos com seus traços únicos, mesmo quando o mundo é invadido por super-heróis cheios de efeitos especiais nos cinemas e tudo quanto é personagens mirabolantes nos quadrinhos. Snoopy sente essa pressão e já não pode ser achado facilmente em papelarias e até em lojas de DVDs. Por isso o relançamento é tão caro aos seus eternos fãs.

A L&PM Pocket ainda possui títulos com tirinhas de Garfield, Hagar e Recruta Zero.

Marília Almeida
11/6/2007 às 07h06

 

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