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Segunda-feira, 6/8/2007
O Casulo vai à escola
Elisa Andrade Buzzo


Ilustração da capa: Luli Penna

Neste final de ano, o jornal de literatura contemporânea O Casulo irá completar dois anos de existência. E não foram poucos os desafios que esta publicação foi se impondo ao longo de cinco números. Como a quarta edição, dedicada à literatura de hoje feita na América Latina; ou mesmo a quinta - reservada ao exercício da crítica de poesia -, onde diversos autores deram a cara a tapa, mas também vestiram luvas de pelica...

Talvez o maior desafio dos editores Eduardo Lacerda e Andréa Catrópa esteja na nova fase a ser inaugurada na edição número seis, que terá lançamento na proxima sexta-feira (10 de agosto, a partir das 19h30) na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, em São Paulo.

Uma edição voltada aos alunos do ensino médio da rede pública paulistana. O cantor, músico e compositor Zeca Baleiro é o entrevistado desta edição. E o time de poetas que demonstra como é parte da produção poética contemporânea brasileira é composto por Angélica Freitas, Marcelo Montenegro e Ronald Polito.

A especificidade desta edição, assim como do número sete previsto para novembro de 2007, foi possível graças ao apoio do VAI - Valorização de Iniciativas Culturais - projeto da Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo.

Com um bocado de paciência e insistência O Casulo passa, nos números seis e sete, de uma tiragem de três mil exemplares para 30 mil exemplares (seria a maior tiragem de uma publicação literária no Brasil?). A distribuição será gratuita, inclusive em bibliotecas públicas e escolas de ensino médio da rede pública da cidade de São Paulo. Também serão organizadas 20 oficinas de criação literária e o "1º Concurso Saia do Casulo" para alunos do ensino médio.

Quem sabe mais importante do que o direcionamento tomado por ora, seja o fato de que o editorial esteja aberto a captar diversos questionamentos sobre a literatura hoje - algumas vezes de maneira didática devido ao direcionamento proposto -, não só para os estudantes, como também para o público em geral. O que é poesia hoje? Quais os pontos de contato entre ela, a música e a literatura? O que haveria de novo e possível a ser feito?

"Insisto no assunto porque acho que no meio literário nem sempre damos a devida atenção aos trabalhos que mesclam linguagens. Como se pairasse no ar o seguinte preconceito: se o texto fosse bom mesmo, não ia precisar estar associado a outras formas de expressão", analisa Andréa Catrópa. Gancho para a entrevista com Zeca Baleiro, em que é discutido o processo de criação do CD Ode descontínua e remota para flauta e oboé - de Ariana para Dionísio (2005), para o qual o compositor musicou uma série homônima de poesias de Hilda Hilst.

Andréa ainda aponta: "outro dia, o professor Roberto Zular observou uma coisa interessante: nós poetas estamos usando a Internet quase sempre como usamos os suportes impressos. De fato, pouco fazemos hoje que seja poesia especificamente para o meio eletrônico, ou seja, que aproveite as potencialidades do som, da imagem em movimento etc. Será que temos medo de não sermos sérios?".

O Casulo, ainda que firmado em prensa, lança os dados do novo e quem sabe realize o impensável. 30 mil exemplares de papel-jornal em tempos de internet. Seria, portanto, remar contra a maré? Não se pensarmos que o meio impresso, apesar de convencional, tem suas vantagens e se ajusta à proposta. Resta saber como a própria publicação irá explorar as possibilidades do blog neste número e lidar com seu formato daqui em diante.

Para ir além
O Casulo - Jornal de literatura contemporânea - lançamento da edição número 6 - Dia 10 de agosto, às 19h30 - Biblioteca Alceu Amoroso Lima - Rua Henrique Schaumann, 777 - Pinheiros - São Paulo.

Elisa Andrade Buzzo
6/8/2007 às 15h08

 

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