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Segunda-feira, 17/9/2007
Bons shows em Feira
Rafael Rodrigues

Feira de Santana é uma cidade de médio porte (se comparada com outros grandes centros), com seus quase 600 mil habitantes. Na Bahia, só é menor que Salvador. É bastante conhecida por seu comércio, e por ser uma espécie de passagem obrigatória para muitos viajantes, pois algumas BRs "passam" pela cidade.

O que antes era uma vila (fundada em 1832), tornou-se uma cidade desenvolvida. Mas não tanto quanto poderia ser. Ainda há em Feira resquícios de uma mentalidade provinciana, que reflete tanto em sua paisagem - um tanto mal cuidada -, quanto na maioria de seus cidadãos (aquela coisa de tudo ser "conhecimento", o famoso "QI" = "quem indica").

Mas, apesar de a cidade crescer de maneira desordenada (como a maioria das cidades; e tem crescido mais rápido, nos últimos tempos), e de a maioria das pessoas que cruza seu caminho ser de uma soberba e arrogância gritantes, é um bom lugar para se viver. Falta, é verdade, melhorar muita coisa. Principalmente na área de cultura. A vida cultural da cidade não tem muitas novidades e não é alvo de atenção dos feirenses. Houve recentemente um evento que parece ter sido legal, sobre Machado de Assis, até, veja só, mas que foi pouquíssimo divulgado. Peças de teatro, quando "aparecem" por aqui, também é coisa rara alguém comentar. Eventos literários? Nem me perguntem, não quero ficar mais triste.

Se for falar de shows musicais, então, a coisa piora. Todo santo fim de semana tem algum "pagodão", boate ou forró para ir. Difícil é ter música de qualidade. Nem mesmo as boas bandas locais têm chance. O exemplo que mais deixa os bons roqueiros feirenses indignados foi o que aconteceu com a Geração Nômade, uma banda pop/rock muito boa que, por causa do péssimo gosto musical da maioria dos jovens feirenses, não teve o sucesso que merecia. Eles ainda estão em atividade (agora alocados em Minas Gerais), mas mereciam um destaque bem maior do que o que conseguiram até hoje.

A boa notícia é que nos últimos meses isso tem mudado. Recentemente, fizeram shows aqui Caetano Veloso, os Paralamas do Sucesso e Lulu Santos, por exemplo. E, no último fim de semana, Vanessa da Mata e Jorge Vercilo deram o ar da graça (sexta-feira e sábado, respectivamente).

Não costumo escrever sobre os shows que vou nem mesmo em meu próprio blog. Porque não há muito o que escrever. Só um "ah, fomos num show de fulano de tal e foi bem legal" (rimou!; o "fomos" é porque sempre estou acompanhado de minha bela bem-amada). Mas, dessa vez, há o que falar. Porque fiquei muito surpreso com o show de Vanessa da Mata.

Por ser uma sexta-feira, e muita gente trabalhar no sábado (eu, inclusive), pensei que não haveria um bom número de pessoas. Ledo engano. Entramos e levamos um susto: a casa estava lotada. Minha idéia de tentar até conhecer pessoalmente, lá mesmo, após o show, a cantora, foi por água a baixo.

E o melhor não foi o número de pessoas presentes. O melhor foi a qualidade das pessoas presentes. A própria Vanessa da Mata ficou surpresa. Todos cantaram todas as músicas, e todos estavam empolgadíssimos. Justamente por saberem que é pouco provável que ela volte aqui novamente. A cantora parecia às vezes não entender o que estava acontecendo, e ficava olhando para o público com aquele sorriso bobo de tão feliz, surpresa que estava em receber aquela calorosa recepção dos feirenses.

O mesmo aconteceu no show de Jorge Vercilo, mas em menor escala, porque ele já esteve aqui três vezes (contando com essa), se não me engano. E foi uma boa festa. Uma pena que 90% do público pagante foi embora assim que Vercilo deixou o palco. Perderam a Caras e Coroas, banda formada por alguns tiozões pra lá dos 50 de idade, e alguns rapazes de seus trinta e poucos. O repertório, composto em grande parte por músicas da Jovem Guarda, é ótimo. E a qualidade da banda é louvável. Muito boa, mesmo. Asseguro a vocês que eles não fariam feio onde quer que fossem tocar.

Espero sinceramente que mais bandas boas venham tocar aqui. Feira de Santana é uma cidade que tem um público bem diversificado e, mesmo não tendo um enorme público para certas atrações, surpresas como a do show de Vanessa da Mata podem acontecer. Até hoje esperamos nomes como Engenheiros do Hawaii, Ira!, Zeca Baleiro e outros mais tocarem aqui. Só um detalhe: se vierem, não podem se deixar cair na roubada que o Jota Quest caiu. Em breve estarão na cidade, mas serão acompanhados de 3 ou 4 bandas de axé e pagode. Eu, que estava querendo muito ver e ouvir ao vivo as músicas do novo Até onde vai, desisti de ir. Flausino e companhia que me perdoem.

Rafael Rodrigues
17/9/2007 à 01h55

 

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