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Quarta-feira, 26/9/2007
Literatura e internet
Julio Daio Borges

Considero um total equívoco dizer que a internet faz com que os jovens escrevam de forma errada. No Brasil, por exemplo, saímos de uma era da televisão, que era totalmente ágrafa (vendo televisão, você não vê uma palavra escrita, só ouve). Nos anos 70 aos 90, a televisão foi o grande agente civilizador do Brasil. E a televisão é a cultura da oralidade. O advento da internet foi uma explosão brutal no sentido contrário - qualquer página que você abre na internet está cheia de coisas escritas. Ou seja, a palavra escrita voltou para o palco. As pessoas estão voltando a escrever - chats, e-mails, blogs, etc. A escrita passou a ser o mediador de toda a comunicação, de todo o processo de informação. A palavra escrita voltou com toda força. É um absurdo encarar a internet como um problema. É como se fôssemos acabar com a internet, proibi-la. Isso não tem sentido. Temos de pensar o que há de positivo em todo este fenômeno. Na minha experiência ao corrigir redações do vestibular da UFPR, em mais de 20 mil textos, não se encontra sequer uma abreviatura utilizada na comunicação na internet. O aluno não é burro. Ele sabe perfeitamente a diferença entre escrever num chat e uma redação para a escola. Ele sabe distinguir os registros. Então, nesse aspecto, eu sou otimista. Acho que a internet está exigindo que as pessoas tenham de escrever cada vez melhor. Elas têm de praticar. A escrita voltou a ser um valor social. E quando isso acontece, todas as forças começam a trabalhar nessa direção.

Cristovão Tezza, em entrevista, no último Rascunho.

Julio Daio Borges
26/9/2007 à 00h18

 

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