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Segunda-feira, 15/10/2007
Primeiro e único?
Julio Daio Borges

Hoje, como tive um compromisso no centro da cidade, aproveitei para esticar as pernas e dar uma boa caminhada. Adoro fazer isso, descer a Augusta, olhando o movimento. E aproveito para pensar nos meus assuntos.

Com a anunciada mudança de ares na minha vida, com a publicação do meu primeiro livro e com minha vontade de me asilar permanentemente na avenidas das correntes, fico pensando se Acaricia meu Sonho (o nome do meu romance, para quem não sabe) será meu primeiro e único livro.

Os poucos que me conhecem sabem minha opinião sobre os problemas gerais do mercado editorial e da literatura brasileira: temos problemas e graves. Não vou entrar em detalhes, mas acho que existe uma base, um pano de fundo para sermos tão ignorados: a língua portuguesa.

Somos, na prática, o único país do mundo em que se fala efetivamente português (podem xingar mas é verdade). Uma língua que vai perdendo sua importância no mundo, se é que já teve. E que impede que nossa literatura seja universalmente conhecida. Essa é a triste realidade. E essa situação influencia nossa literatura, muito voltada "para dentro", se é que alguém me entende.

Por isso, minha sensação é que, mais do que mudar de país, vou mudar de pátria (pensando que as pátrias são a línguas), porque me parece a forma de romper com o auto-isolamento que as condições e nossas decisões nos impõem. Não estarei sozinho, Cioran e Conrad já fizeram isso.

Quem sabe meu próximo livro não terá que ser traduzido?

O mesmo Barbão, que você conhece daqui (porque o Polzonoff, também, está escrevendo em inglês...)

Julio Daio Borges
15/10/2007 à 00h58

 

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