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Quarta-feira, 31/10/2007
Leitura Para Todos (premiado)
Ana Elisa Ribeiro

E depois dizem que não se faz nada pela leitura neste país. Humpf! Minas Gerais acaba de receber dois dos três prêmios Vivaleitura 2007. Para quem não sabe, o Prêmio VIVALEITURA faz parte do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) e foi criado depois do Ano Ibero-americano da Leitura, comemorado em 2005, com a finalidade de garimpar, país afora, iniciativas (ativas mesmo) de promoção da leitura.

O Prêmio é das alçadas do Ministério da Educação, do Ministério da Cultura e da Organização dos Estados Ibero-americanos para Educação, a Ciência e a Cultura (OEI). A execução do "evento" tem o patrocínio da Fundação Santillana e apoios importantes, tais como do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime).

A cada ano, oferece-se um prêmio (boa grana) a ações de estímulo à leitura em três categorias: Bibliotecas Públicas, Privadas e Comunitárias; Escolas Públicas e Privadas; e ONGs, pessoas físicas, universidades/faculdades e instituições sociais. No julgamento dos projetos submetidos, leva-se em conta originalidade, impacto, recursos, pertinência e abrangência, duração e resultados alcançados pela ação.

Ontem, em Brasília, foram anunciados os vencedores deste ano. E a palavra "vencedores" aqui merece atenção. Na página do Vivaleitura é possível conhecer os demais concorrentes, tão bacanas quanto os ganhadores, mas os projetos Borrachalioteca (da cidade de Sabará, em Minas), Retrato Falado (Volta Redonda, RJ) e Leitura Para Todos (Belo Horizonte, MG) ficaram com os primeiros lugares em suas categorias. Merecidamente. São projetos que chegam a emocionar quem curte a idéia da liberdade, da autonomia e dos livros como libertação das trilhas pré-gravadas em que vivemos enredados.

O projeto vencedor da categoria sociedade, o Leitura Para Todos, já foi mencionado aqui no Digestivo. Trata-se de uma ação vinculada a uma rede de estudos sobre leitura, na UFMG. O programa A Tela e o Texto, mantenedor e mentor do projeto, presta mais esclarecimentos no livro Formando leitores de telas e textos, resenhado em minha coluna da semana passada. Vale a pena conferir COMO as pessoas INTERESSADAS têm oferecido soluções a alguns dos muitos perrengues deste país.

O projeto Leitura Para Todos presenteia os usários de linhas de ônibus em Belo Horizonte (com pilotos em outras localidades) com lâminas afixadas em que são expostos poemas, contos, trechos de romances. Os autores divulgados estão entre tradicionais e contemporâneos, famosos e desconhecidos, jovens e experientes. Ao leitor cabe resolver se lê ou não a lâmina exibida ali, bem à sua frente, enquanto não chega ao destino. É interessante conhecer o projeto, uma fórmula simples, que depende de vontades várias, inclusive a política, já que depende, em alguma medida, de acordos com as empresas de trânsito das cidades. Leitura Para Todos não é só isso. É também objeto de pesquisa, inclusive sobre as impressões e os feedbacks dos usuários dos ônibus. Há diferença de comportamento entre os freqüentadores das linhas, diferentes níveis de depredação, etc. Bacana mesmo é a alegria da coordenadora do projeto ao saber que um passageiro de ônibus achou um poema tão bonito que "roubou" a lâmina e deu para a esposa. Pois é. Parabéns aos mineiros que comem quietos e ainda ajudam a encher a barriga dos outros.

Ana Elisa Ribeiro
31/10/2007 às 18h42

 

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