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Sexta-feira, 7/12/2007
Perfumaria
Elisa Andrade Buzzo

Em que se pode acreditar depois que as livrarias viraram perfumarias? Papai Noel?

Se colocar calendários e agendas importadas nas gôndolas centrais é perfumaria, me pergunto.

Bichinho de pelúcia, porta-lápis e cartão de aniversário do Garfield é livraria, papelaria ou perfumaria? Sem falar nos livros já na categoria perfumaria, que se difundem na velocidade de um parfum por minuto, deixando um rastro de enjôo nos estômagos vazios.

Infelizmente a Melhoramentos não distribui mais os cheirozinhos "Penhaligon's tesouro perfumado em prosa e verso", que há anos entraram em promoção nas "melhores livrarias". Porque aí sim a nova vocação destas casas do ramo teria um título conivente.

Decerto indo não mais do que na esteira dos espaços multiuso, onde todas as posições e transações monetárias são permitidas. Vestuário feminino mixado com utensílios de prazer. A loja-restaurante. Ou o cabeleireiro que atende em sua própria casa com hora marcada, e não com assistentes.

Então, por que não juntar livros com perfumaria, como já tem sido feito em mercearia, levar ao limite, e se até mesmo os supermercados têm suas prateleiras reservadas aos best-sellers?

Assim, toda vez que uma "livraria" inaugurar, é torcer para que seja ao menos uma livraria-café, com um sofazinho marrom e macio, meio Starbucks. É pra amenizar as dores. Dentre elas a do preço da coxinha e do pão de queijo inflacionado.

Que se continue acreditando que há livros e que as livrarias continuem acreditando que vendem livros, confundindo um pote de Veja com a revista Veja, trocando a auto-ajuda pelo anti-idade, oferecendo todas as variações de perfume, de Süskind a Chanel. O que importa é vender sonhos, bolo de morango, perfumaria. A idéia de livro dá uma aura benfazeja. E viva o Natal!

Elisa Andrade Buzzo
7/12/2007 à 01h04

 

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