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Segunda-feira, 17/12/2007
Como um leitor se sente...
Ana Elisa Ribeiro

Acabo de terminar a leitura das últimas linhas de Como um romance, de Daniel Pennac. Mesmo correndo o risco de parecer sentimentalista, confesso que as lágrimas ainda estão nos olhos. Fecho o livro e fico com "o sentimento vago de perda", não por ter deixado de ler algo que merece ser lido, mas por saber que tudo acabou: não há mais uma palavra após a página 167.

Pennac se foi. Desaparece no fim da estrada e me deixa só, perdida numa confusão mental que não me permite entender muito bem por que um livro que tenta apenas apresentar um diagnóstico sobre o desinteresse das pessoas pela leitura mexeu tanto com minha emoção. Talvez seja mesmo pelo seu estilo poético, como identifica o editor. Talvez seja pelo fato de que tenha tocado na minha própria ferida; aquela da leitora que não leu tudo o que já deveria ter lido. Talvez também pelo fato de que, embora não seja ainda uma leitora assídua, gosto do que leio, especialmente, do que me cala e me transforma de algum modo.

E é isso: pensando agora, instantaneamente ao momento em que escrevo estas linhas, parece óbvio tudo o que ele disse, especialmente para um adulto letrado, como eu. Mas a verdade é que ele me fez entender um pouco mais da leitora que há em mim e, mais que isso, permitiu-me pensar em perdoar-me pelas falhas que são ou não minhas. "Uma leitura bem levada nos salva de tudo, inclusive de nós mesmos." Saio desse livro mais "humanizada".

Desculpe-me pelo trocadilho, mas Pennac não foi "como um romance": foi como um presente. Obrigada pela indicação!

Da leitora Márcia Araújo Lima, sob o impacto da leitura de um clássico francês, por e-mail.

Ana Elisa Ribeiro
17/12/2007 à 01h27

 

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