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Quarta-feira, 20/2/2008
O amor
Julio Daio Borges

O amor divide o mundo em duas partes: os que são felizes, e os infelizes. No amor, tudo conta. Charme, orgulho, raiva, mais a ponta, do cigarro, do ciúme. O amor é um vício e o melhor artifício para suportar a não eternidade da carne — quando ele, amor em si, é imortal.

Amor de verdade é imoral. O amor constrói almas, paredes, cidades inteiras e, às vezes, se destrói por besteiras. É a água de um lago plácido calmante e também a cascata de 30 metros que cai em fio cortante. O amor detona guerras e apazigua as terras do coração de um guerreiro. É a minha sede, a sua rede, a viúva-negra, minúscula e letal, tecendo a teia.

Amor de verdade é incondicional. O amor que impõe regras é pavor, o amor sob quaisquer circunstâncias é horror. O amor soma os sete pecados capitais e mais mil pesadelos irreais. É como os vagões de um trem carregado de surpresas. É cheio de belezas, certezas e incertezas. É a ferida que dói e a brisa que assopra. É o que consola, isola e assola.

Amor de verdade é crueldade. O amor é o vilão e é também o perdão. É a devoção, a perdição, a loucura e a abstenção. É a esperança sem data, é a chupada com marca. É a crença diante da perda possível para tantos. É a batalha, a explosão de corpos no espaço. É a provocação, a rebeldia e a hipocrisia. É a doação de quem precisa aprender a dar sem nada esperar em troca.(...)

Lidice-Bá, no seu blog, que eu acabo de encontrar.

Julio Daio Borges
20/2/2008 à 00h08

 

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