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Sábado, 1/3/2008 Darwin, a biografia Daniel Lopes Procurei me adiantar ao fuzuê que em breve se seguirá, e saí atrás de uma biografia do homem. Soube que aquela que é considerada definitiva é Darwin: The life of a tormented evolucionist, de Adrian Desmond e James Moore, primeira e toscamente traduzida no Brasil em meados dos anos 90 pela Geração Editorial. Mais recentemente, a mesma editora colocou no mercado uma nova tradução do calhamaço, desta feita de autoria de Cynthia Azevedo e coordenada por Renato Sabbatini: Darwin: A vida de um evolucionista atormentado (Geração Editorial, 2007, 800 págs.). Atormentado mesmo. Pois aquele homem de rosto cabeludo e expressão séria (que faria a alegria de chargistas-detratores) que acabou elaborando a, digamos assim, contra-teoria do criacionismo hegemônico era... um crente. Por isso, ao chegar à conclusão de que todos nós, do menor pé-rapado ao Santo Padre, somos descendentes diretos de moluscos hermafroditos acéfalos, informou: "É como confessar um crime". Pode-se passar voando pelos primeiros capítulos de Darwin, que descrevem a pouco temperada infância e primeira juventude do biografado. Por suposto, os capítulos intermediários e finais são eletrizantes, à medida que Origem das Espécies vai sendo gerado e, por fim, vem à tona, gerando, como era de se esperar, uma quantidade absurda de ataques ao autor herege — o quê?!, o papa primo de um chimpanzé? Cumpre ainda informar que o livro de Desmond e Moore não é uma mera descrição de fatos. Ao contrário, é um verdadeiro painel dos costumes, política, economia e religião de fins do século XVIII e de grande parte do XIX, o que, de resto, é absolutamente indispensável para compreendermos como e por que Charles Darwin evoluiu de um jovem com constantes problemas nos estudos (demorou muito a encontrar sua verdadeira vocação) para o cientista dilacerado entre suas crenças e suas descobertas que mudaria para sempre o modo como o homem vê a si mesmo e o mundo à sua volta. Muito mais dessa história, em 2009... Daniel Lopes |
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