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Quinta-feira, 27/3/2008
I'm not there
Guga Schultze

Neste fim de semana pretendo ir ao cinema, assistir ao I'm not there (Não estou lá), o filme sobre Bob Dylan que, ao contrário do que o título declara, sempre esteve lá.

Bob Dylan sempre esteve lá e talvez seja necessário esclarecer onde: no centro da cena musical americana, no templo do rock mundial, onde ele é um dos deuses mais reverenciados e também um dos que ergueram esse mesmo templo, fazendo com que o rock deixasse a idiotice infanto-juvenil de seus primeiros berros e assumisse uma maturidade, que não tinha, e que não teria, sem Dylan, Lennon e McCartney, Zappa etc. etc. ― essa turma, que todo mundo sabe.

"Mas Dylan não é propriamente um roqueiro". Bobagem. As nuances da música popular americana são regionais, apenas. Dylan pertence à história do rock, assim como Bach pertence à história da música erudita, sem restrições quanto ao fato de ser barroco rococó, ou clássico, ou pré-romântico.

Então tá: lá está Dylan no filme que usa nada menos do que seis atores para representá-lo. Entre eles, um menino negro e uma mulher. Tudo bem, é a pluralidade. É a diversidade cultural, a marca do nosso tempo. É a tentativa, talvez brilhante, de multifacetar a personalidade de Dylan ― um prato que ele mesmo sempre serviu à mídia, enfiando nela, goela abaixo, colheradas diversificadas de contradições, falso testemunho e sarcasmo.

Quero acreditar nisso, nessa apologia da diversidade, que permite que seis atores, duas raças e os dois gêneros representem um só ícone do rock. Porque não quero a suspeita, rondando sobre minha cabeça, de que estou sendo conduzido apenas pelo politicamente correto, certo?.

A propósito, quero sugerir aos diretores de cinema algumas idéias para filmes biográficos:

― Gisele Bündchen interpretando a Ella Fitzgerald (eu ia adorar, incondicionalmente).

― Will Smith interpretando Hitler (eu ia intensificar bastante meu ódio natural por Hitler).

― Robin Williams interpretando Idi Amin, o ditador africano (eu ia rir demais).

Ok, depois eu conto do filme.

Guga Schultze
27/3/2008 às 14h31

 

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