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Sexta-feira, 9/5/2008
Equilíbrio
Daniel Bushatsky

Vou começar este artigo com dois clichês: o mercado de trabalho é cruel; o início mais ainda. Sinceramente, não sei se isso é bem verdade. Acho que as pessoas, desapontadas pelo trabalho, que em nada parece com o que se vê nos filmes, acabam por se decepcionar. A desilusão está a um passo da sensação de injustiça que, por sua vez, nos faz pensar em crueldade.

No trabalho virei noites e não tive finais de semana. Na época da faculdade, perdi aulas e cheguei até mesmo a faltar semanas seguidas. Porém, este mesmo trabalho árduo e cansativo me abriu uma nova visão do mundo, me fez pesquisar matérias das quais na faculdade nem havia ouvido falar, e participar de projetos que depois li em jornais. Em síntese: me senti útil e enriquecido.

Mas e se as sensações acima não aparecerem constantemente? E se mesmo que elas apareçam isso não for o suficiente para lhe deixar satisfeito?

E se somado ao descontentamento, você ainda é daqueles (que nem eu) que quando vê a nova propaganda do SENAC ― divulgando que em 4 anos a relação de emprego irá mudar, com metade da população trabalhando em casa, com os tipos de emprego crescendo em progressão geométrica, mas as vagas somente progressão aritmética ― se sente desconfortável, atrasado ou completamente fora do mundo, por favor, não se sinta mal.

Cabe primeiro refletir sobre o que é trabalho. Em minha opinião, é algo que nos acrescenta culturalmente, economicamente, socialmente e politicamente (por que não?)! Faltando um desses fatores (ou não), devemos investir em um segundo emprego. Não um hobby, este podemos sempre parar e adiar. O segundo emprego exige prazos e dedicações, mas não tem chefe e você só (quase) faz o "filé mignon".

Se você não praticar o negócio, ops, o hobby, ops, seu segundo emprego não vai para frente, ou seja, exige comprometimento. Não é um lazer, pode até se assemelhar, mas exige maior esforço e objetivos delineados.

Entendo por segundo emprego escrever para algum blog, não dependendo disto para viver; investir no mercado financeiro, com o intuito de enriquecer, lógico, mas não sendo seu sustento, entre outros exemplos que você possa imaginar!

Os pontos positivos do segundo emprego é que você não é subordinado a ninguém, não tem horário, não tem obrigações, fora as consigo mesmo.

Mas o mais importante é a possibilidade de você poder entrar em um mundo completamente diferente de sua rotina! É a emoção de realizar projetos para as quais você estudou por gosto, simplesmente por amor!

Novas fontes de leitura, formas de escrever, no caso dos escritores; avaliações econômicas e posições das ações, para os plantonistas do mercado financeiro. Tudo por diversão! Tudo para viver!

Até porque nada mais chato do que pessoas que só falam sobre o mesmo assunto!

O livro O vendedor de tempo, de Fernando Trias de Bes, faz uma ótima reflexão sobre o tempo e como o gastamos. Critica, ainda, a relação da sociedade com o sistema, fazendo com que o leitor observe que sua relação com o dinheiro vai além da famosa e batida frase: "tempo é dinheiro". No livro, dinheiro é que é tempo, e os cidadãos de um imaginado país são desafiados a comprar tempo, fugindo do sistema e se proporcionando prazer!

Caro leitor, pare e reflita: quanto tempo você tem diariamente para você? Pois comece a ter, senão será impossível desenvolver o seu 2º emprego.

É nesse sentido que prego aqui o equilíbrio. Pode ser que seu chefe seja chato! Que o trabalho seja estafante e você não se sinta reconhecido! Pense pelo lado positivo, no seu segundo emprego você é o rei, faz tudo o que você quer e, mais do que isso, deixa sua cabeça sempre sadia para novos ventos!

Boa sorte no seu 3º emprego? Quem sabe... só o tempo dirá!

Daniel Bushatsky
9/5/2008 às 19h47

 

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