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Segunda-feira, 26/5/2008
Indiana Jones 4
Elisa Andrade Buzzo

Depois da multidão domingo passado em Cannes, foi a vez do meu empurra-empurra no primeiro dia de exibição ao público da nova aventura de Indiana Jones: Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal. O espírito no cinema era mesmo de aventura... Mesmo comprando os ingressos com antecedência, já havia fila para a última sessão da noite, selvageria pra subir as escadas e pegar os melhores lugares na sala.

O enredo do filme se passa durante a Guerra Fria, em 1957. Indiana é raptado por russos, comandados por Irina Spalko (Cate Blanchett), queridinha de Stalin. Depois, ao receber um pedido de ajuda do jovem Mutt (Shia Labeouf), a história os leva atrás de uma relíquia na América do Sul, um crânio esculpido em cristal-de-rocha datado da época pré-colombiana com poderes sobrenaturais. Indiana será forçado a ajudá-los em seus planos num clima de muita arqueologia e ares de ficção científica.

A agente Spalko, aliás, austera em seu macacão cinza soviético, com sotaque característico e poderes telepáticos (que não foram lá bem demonstrados) parecia uma personagem interessante, mas não foi bem desenvolvida no roteiro. Por que não um breve romance com Indiana? Mas o que vemos, no final das contas, é uma história "bem família", na qual o protagonista tem quase uma pequena multidão atrás de si.

Talvez a pior cena do filme se passe numa floresta que de amazônica parece não ter nada, com Mutt numa estranha interação com o mundo animal, além dos índios mal-caracterizados. Mas tudo bem, Indiana Jones também é um filme para rir. Quem dirá Marion (Karen Allen) ― o primeiro amor de Indiana em Os Caçadores da Arca Perdida (1981) ―, que reaparece neste longa-metragem é só sorrisos para o herói.

Jones não está mais tão ardente quanto nos outros filmes. É verdade, ele e a "mocinha" envelheceram (os fiozinhos grisalhos na barba insistem em persegui-lo até mesmo na arte do poster), mas a impetuosidade de Mutt dá um frescor à história e quem sabe não traga a renovação necessária para uma continuação, se até mesmo demonstrou uma marca característica e espírito aventureiro. De todos os modos, não foi ainda desta vez que Indiana passou o bastão.

Mesmo um pouco decepcionada com o final deste filme ― se comparado ao enigmático depósito de Os Caçadores da Arca Perdida ―, todos os ingredientes estão lá pra mexer com seus antigos espectadores: a trilha de John Williams colada ao personagem, referências diversas às aventuras anteriores, as perseguições, as charadas arqueológicas, o cenário carregado no marrom, muita poeira, caveiras e teias de aranha. E não é que um fã estava lá com um chapéu à Indiana Jones? Fazia tempo que não tinha essa sensação de cinemão lotado, todo mundo ansioso, meio que se transformando no próprio arqueólogo...

Elisa Andrade Buzzo
26/5/2008 às 12h15

 

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