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Quarta-feira, 16/7/2008
Sete vezes Almodóvar
Luiz Rebinski Junior

Pedro Almodóvar faz parte de uma seleta lista de cineastas que ainda em vida conseguiram virar verbete na história do cinema. Não apenas pela incrível fotografia de seus filmes, de cores inconfundivelmente vibrantes, mas principalmente por conta do jeito peculiar de ver as relações humanas.

Trafegando entre a comédia e o drama, Almodóvar conseguiu, ao longo de sua já extensa filmografia (que conta com 16 longas), criar um universo cinematográfico único, em que temas como homossexualismo, infância, maternidade e desejo ganham contornos próprios e sofisticados através de suas lentes.

Nascido em 1949, na pequena Calzada de Calatrava, Almodóvar mudou para Madri no fim dos anos 1970, aos 16 anos, com o objetivo de estudar cinema. Por conta da tumultuada situação política que o país vivia, com o fechamento da escola de cinema da Espanha, restou-lhe a prática, que exercitava fazendo curtas-metragens nas horas vagas de seu emprego formal na companhia telefônica nacional. O sonho de se tornar cineasta começou a ganhar forma quando Almodóvar se envolveu com a chamada Movida, um movimento de contracultura que agitou a capital espanhola entre o fim da ditadura franquista e o início do período democrático.

Um pedaço importante da história cinematográfica de Almodóvar, que se inicia oficialmente em 1980, com Pepi, Luci, Bom y Otras Chicas del Montón, pode ser conferido no canal Telecine Cult entre os dias 21 e 27 de julho. A mostra Cores de Almodóvar apresenta sete filmes e faz um bom panorama da obra do cineasta espanhol, mesclando longas do início da carreira (Maus hábitos, 1983), a trabalhos mais atuais (Volver, 2006). A seleção privilegia filmes da primeira fase do cineasta, como O que fiz para merecer isso? (1984) e A lei do desejo (1987), em que Almodóvar começa burilar e dar consistência aos elementos que se tornariam marcas de sua obra, como a crítica à família tradicional espanhola e o retrato peculiar das mulheres. Aliás, a mostra é também uma boa oportunidade para conferir outra característica bem conhecida do diretor: as suas atrizes-fetiche. Carmen Maura, a atriz que estrelou sete de seus filmes, está em quatro longas-metragens da programação, incluindo Mulheres à beira de um ataque de nervos (1988), uma comédia amalucada que colocou o diretor no cenário dos grandes realizadores. Já Penélope Cruz, outra figura marcante de Almodóvar, pode ser conferida em Volver. O único senão da seleção é a ausência de Tudo sobre minha mãe (1999) e Fale com ela (2002), as duas obras-primas do diretor, essenciais para quem quer conhecer o estilo "almodovariano".

Luiz Rebinski Junior
16/7/2008 às 19h07

 

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