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Terça-feira, 19/8/2008
Obama, o novo imperador
Daniel Bushatsky

Morte agora ou depois? Quando você for votar, esta questão precisa estar respondida. Quando um americano for votar, a importância da resposta é quase crucial. Os Estados Unidos ainda são o grande império contemporâneo, portanto, os mais influentes, os maiores consumidores e os maiores manipuladores do mundo.

Eles comandam guerras e desmatamentos. E é justamente nas duas últimas palavras que precisa haver foco. Se você quer ver morte agora, torça por um republicano. Se você quer morte depois, torça por um democrata. Explico: republicanos preferem guerras, e os democratas preferem investimentos em outros setores da economia que não armamentos. Estes outros setores provocam poluição e desmatamentos, que geram, no futuro, morte.

Você também pode torcer pensando em dinheiro: escolha o candidato financiado pelas empresas nas quais você acredita.

Ressalto: não sou contra os EUA! Pelo contrário, os admiro. Possuem qualidade de vida e sua influência na política externa é admirável, mas que ao votar o eleitor precisa fazer uma escolha, ele precisa.

Outra coisa que me surpreende é sua democracia. O voto é indireto (no Brasil é direto) o que abre a possibilidade de um candidato com menos votos ganhar a eleição.

Mais intrigante do que isto é que em um país que já foi dividido pela escravidão, com a Ku Klux Klan ainda sendo uma "importante" organização, com cada vez mais neonazistas e neofascistas, haja a possibilidade de um afrodescente, mulçumano, assumir o cargo de imperador!

Ser rei não é fácil. Ser o rei de um país hegemônico, nem se fale. Ser um rei negro em uma época de crescentes preconceitos, nem se diga. É por isso que torço por Obama. Ele é a imagem de um povo que sabe se reciclar se quiser ficar no poder. Ele é transcendente à questão do preconceito.

Aliás, duas considerações: (i) a maioria das pessoas não sabe, muito menos os nazistas de plantão, mas no Antigo Egito a cor da pele era irrelevante. A dinastia mais importante de faraós era negra (para saber mais confira a revista National Geographic de fevereiro de 2008); (ii) não sei se vai ser a China o país que superará os EUA, mas algum dia algum país os ultrapassará ― a história nos ensina que todo império rui. É importante, porém, que absorvamos do grande líder o que é positivo, como aprendemos filosofia da Grécia, medicina do Império Otomano, e "pão e circo" dos Romanos. Dos EUA devemos aprender que a discriminação racial não pode ser levada a sério, sob pena de condenarmos o próprio imperador!

Neste sentido, se você prefere ver mortes depois, é acionista de empresas ligadas ao gabinete do imperador e, ainda por cima, não é preconceituoso, torça por Obama.

Daniel Bushatsky
19/8/2008 às 16h26

 

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