busca | avançada
75378 visitas/dia
1,7 milhão/mês
Quinta-feira, 25/9/2008
Quando Ana me deixou
Julio Daio Borges

Ana me deixou — essa frase ficou na minha cabeça, de dois jeitos — e depois que Ana me deixou. Sei que não é exatamente uma frase, só um começo de frase, mas foi o que ficou na minha cabeça. Eu pensava assim: quando Ana me deixou — e essa não-continuação era a única espécie de não continuação que vinha. Entre aquele quando e aquele depois, não havia nada mais na minha cabeça nem na minha vida além do espaço em branco deixado pela ausência de Ana, embora eu pudesse preenchê-lo — esse espaço branco sem Ana — de muitas formas, tantas quantas quisesse, com palavras ou ações. Ou não-palavras e não-ações, porque o silêncio e a imobilidade foram dois dos jeitos menos dolorosos que encontrei, naquele tempo, para ocupar meus dias, meu apartamento, minha cama, meus passeios, meus jantares, meus pensamentos, minhas trepadas e todas essas outras coisas que formam uma vida com ou sem alguém como Ana dentro dela.[...]

Caio fernando Abreu, no blog da Carlota de Bourbon, que eu acabei de encontrar.

Julio Daio Borges
25/9/2008 à 00h29

 

busca | avançada
75378 visitas/dia
1,7 milhão/mês