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Quinta-feira, 2/10/2008
Isso passa
Julio Daio Borges

O mundo eu acho que posso conhecer inteiro. Leva tempo e algumas notas verdes. E eu não vou chegar a conseguir, claro, mas o que importa é que eu vejo o mundo no mapa, no globo, numa representação qualquer — e sei que ele está ali, cheio de umas ruas de terra e um marzão e tal.

A mesma coisa com os livros: se eu quiser, se quiser mesmo, leio tudo. É que eu não quero, mas está tudo ali, contando duas dúzias de bibliotecas enormes. Posso ler as orelhas, por exemplo; ou ver as lombadas.

Taí, vou ver as lombadas de todos os livros, visitando várias bibliotecas em vários lugares do mundo, quase todos — inclusive porque um lugar sem biblioteca, ou é "natureza" (e não tem gente), ou não tem gente, e não tendo gente, me interessa um pouco menos.

Mas acontece que eu tinha uma idéia de conhecer a internet inteira também, porque daria menos trabalho que o mundo e os livros. Portais, jornais e revistas, brogs, páginas do orkut. Mas acho que não vai dar, não.

Quando tenho a impressão, por exemplo, de já ter lido pelo menos um postzinho de todos os blogs brasileiros (os bons), surgem uns dez melhores. Um jornalista irlandês (mentira, não era irlandês, nem jornalista, acho) disse que, em X anos, cada pessoa teria um site, o que é coisa à beça, e nem leva em conta que algumas pessoas têm três, quatro blogs — o que, aliás, é muita sobra do que dizer.

Então, é assim: essa impossibilidade de ver a internet inteira — que não é por preguiça nem por falta de presunção — dá uma canseira, um desânimo de avó ("Ah, meu filho, é tanta coisa ruim no jornal, que eu e seu avô, a gente até desliga a TV na hora do repórter.").

E aí? E aí que continuo achando que a internet é uma espécie de lugar, como a avó aí de cima: "Olha, ele restaurante já tá na Internet!" E é por isso que todo mundo faz essas metáforas de lugar, que nem são tão metáforicas assim: casa, porta, janela, condomínio. E é um lugar que vai crescendo demais, e quase me dá vontade de escrever um romance do Saramago sobre esse lugar que cresce para sempre, onde ninguém morre.

Quanto maior esse lugar-internet, menor o lugarzinho deste blog, que tem a sobrevida do portal e por isso respira. Aí, acontece que essa mistura (internet-mundão e blog-beco) vai me dando uma vontade de nem passar por aqui muito grande, e essa é a razão que compartilho. Só isso.

Bruno Rabin, no seu blog, que linca pra nós.

Julio Daio Borges
2/10/2008 à 00h16

 

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