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Segunda-feira, 29/12/2008
Brainstorm da Confiança
Daniel Bushatsky

O maior evento cultural do ano foi a crise do subprime! Os efeitos dela são complicados de explicar e difíceis de perceber, mas qualquer coisa que acontece é culpa dela. As chuvas em Santa Catarina, o São Paulo ter sido campeão brasileiro e, lógico, a popularidade do Lula ter batido recorde.

Analistas econômicos explicam que o "start" da crise se deu por almofadinhas de Wall Street, que, na sede de ganhar cada vez mais, não avaliaram o risco do empréstimo que concediam para as hipotecas. Isto foi o começo da bola de neve.

Alguns economistas chamam a crise de crise da confiança (não do subprime). Ninguém confia mais em ninguém. O sujeito oculto não quer mais investir no mercado de capitais, abrir uma nova empresa ou comprar um carro. O governo faz de tudo para isso não acontecer, mas é difícil dar confiança... ou você tem ou você não tem. Imagine um bebê: ele tem confiança nos pais desde que nasceu? Não, ela vem com o tempo. Foi por meio de muito carinho, conforto e estabilidade que a confiança se enraizou nele.

A mesma coisa acontece com as pessoas. Você tem confiança no governo? Aposto que nem no gerente do banco você confia.

Enquanto não se dá crédito à crise, dois conceitos econômicos deveriam estar na mente dos cidadãos na hora da tomada de decisão, seja ela econômica, política ou cultural. Não é possível, na verdade, isolar uma atitude. Se você escreve um livro, fatalmente ele trará uma mensagem, nem que seja subliminar, econômica e política.

É nesse sentido que rogo que os conceitos de Risco Moral (Moral Hazard) e Informação Assimétrica deveriam fazer parte do cotidiano dos cidadãos. O primeiro é uma situação em que faltam incentivos para que os agentes privados adotem condutas socialmente eficientes. O segundo ocorre quando a informação não é distribuída igualmente entre os cidadãos, ou seja, há o uso estratégico da informação.

Se estes dois conceitos fossem inerentes aos cidadãos, o mundo seria melhor. Os agentes privados construiriam uma ponte, mesmo que ela não trouxesse lucro direto à empresa (utópico, não?). No segundo caso, você não faria um empréstimo tendo um alto risco de inadimplência, pois conheceria mais a fundo o mercado ou pelo menos não seria enganado com mentiras sinceras, que, parafraseando Cazuza, a todos interessam.

Mas não é só no prisma econômico que haveria o desenvolvimento de uma sociedade mais justa. Os veículos de comunicação poderiam fazer seu papel focando em notícias positivas. Chega de ler sobre tragédias. Não estou querendo difundir o país da Pollyanna, mas gostaria de ver também o lado bom das coisas.

Os conceitos econômicos funcionariam para a engrenagem social rodar melhor. As informações e as atitudes possuiriam um único objetivo: a sinergia da sociedade em prol de um mundo melhor.

Na mesma linha de raciocínio, com esses conceitos econômicos quebraríamos outra crise, a da percepção. Seríamos ao menos mais realistas e menos alienados.

Ou seja, a crise (e por quantas o mundo já não passou) é uma ótima oportunidade para darmos um novo viés às nossas vidas. Não é a toa que, no ideograma chinês, crise é a soma de perigo e oportunidade.

Bom, este artigo foi uma miscelânea de informações, dados, palpites. Escrevi como uma retrospectiva de 2008, um brainstorm interno de tudo que quis dizer e não disse ou disse, mas disse sem confiança!

Daniel Bushatsky
29/12/2008 às 10h15

 

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