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Quarta-feira, 29/1/2003
Um clone meu
Julio Daio Borges

É claro que vou produzir um clone meu tão logo possa; é claro que todo mundo vai se clonar tão logo possa. Vou para as Bahamas, Nova Zelândia, Ilhas Canárias; vou pagar o preço pedido (questões morais e financeiras sempre contaram muito pouco perante a reprodução). Vou ter provavelmente dois ou três clones, como quem tem dois ou três filhos; entre os nascimentos, vou permitir um intervalo adeqüado (nem muito curto, nem muito longo); homem maduro que sou, terei o comportamento de um pai responsável. Farei com que meus clones tenham uma boa educação; então vou morrer. Morrerei sem prazer, pois não desejo a morte. Através de meus clones, alcançarei uma certa forma de sobrevivência que não será de todo satisfatória, mas superior àquela que crianças comuns me trariam. Por enquanto, é o melhor que a tecnologia ocidental pode oferecer.

Essa eu tive de roubar do Pedro Doria. É originalmente uma citação de Michel Houllebecq, autor de Plataforma e Partículas elementares.

Julio Daio Borges
29/1/2003 às 12h24

 

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