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Domingo, 23/6/2013
Gabeira sobre os protestos
Julio Daio Borges

O discurso de Dilma Rousseff é facilmente desmontável. Não deviam colocá-la diante do teleprompter para ler aquilo.

É impossível demonstrar o que disse: não há dinheiro público nos gastos da Copa. Ela vai passar dias na televisão sem demonstrar isto.

Dilma acenou para receber os líderes, o que mostra como ela não está entendendo o movimento: não há líderes nem as pessoas que estão nas ruas querem líderes, porque se sentem líderes de si próprias.

* * *

É falso a noticia de que vai lançar um plano para a mobilidade urbana. Na verdade, já lançou há algum tempo um PAC destinado a isto.

Ela passou o tempo estimulando a compra de carros, reduzindo impostos e prolongando as prestações. Este é um modelo falido.

É muito tarde para falar em plano de mobilidade urbana sem reconhecer esta realidade e sem compreender como, através de sua política, ela degradou a mobilidade urbana.

* * *

É contraditório falar da lei de acesso as informações oficiais e, simultaneamente proibir a divulgações dos dados de suas viagens oficiais ao exterior.

E falar em reforma política é apenas a maneira de empurrar com a barriga.

Uma reforma política será feita no Brasil com pressão constante das ruas e participação maciça, através da rede.

* * *

Achei a Dilma um pouco perdida, aliás já tinha dito(...)

Ela precisava entender o momento das ruas e dizer com clareza que estava equivocada, que o Brasil não é aquele país que ela descrevia.

* * *

A falência dos partidos, o combate à corrupção e a maneira mais racional de usar o dinheiro público para melhorar os serviços, todos são temas que devem se desdobrar no tempo.

É um momento singular de manifestações populares no Brasil moderno. Há uma cisão entre os que conduziram o processo desde o fim da ditadura e os que hoje estão na rua pedindo uma democracia mais real.

É preciso retomar o fio da meada, aprofundar a democracia. Como fazer isso, com que interlocutores, tudo isso acabará sendo respondido no caminho.

* * *

Com esse sistema político existente é quase impossível haver cooperação produtiva entre o Brasil que está nas ruas e o parlamento.

Será preciso mudar, com a pressão de baixo para cima, as regras do jogo e encontrar uma forma de convivência política que as pessoas respeitem.

Todos os que conhecem o Brasil, sabem que existe não só aqui como em todo lugar do mundo, a chamada maioria silenciosa.

* * *

Será preciso muita paciência e participação atenta para que se consiga avançar.

O dado novo é que os brasileiros acordaram e essa nova força realmente pode impulsionar um novo momento histórico no país.

Gabeira, em "Navegação na neblina"

Julio Daio Borges
23/6/2013 às 22h02

 

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