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Sexta-feira, 6/5/2005
Vida de Estagiário I
Julio Daio Borges

Por azar, fiz estágio em duas empresas de comunicação de Goiânia e, nas duas, só me fodi.

Empresa nš 1: agência de comunicação Comunik. Eu consegui esse estágio como designer gráfica por intermédio de um amigo, mas só ganhava vale-transporte. Isso tornava tudo ainda mais difícil de agüentar. Minha chefe, uma jornalista (raça das piores), era uma louca obcecada por organização e me fazia arrumar uma estante imensa de livros de revistas de "referência" segundo ordem alfabética e por assunto toda semana. Sem falar que ela achava que, por algum motivo além do meu entendimento, eu era técnica de computadores. Ah, e ela tinha o bizarro hábito de caminhar pelos ambientes do escritório sem blusa, já que lá só trabalhavam mulheres.

Empresa nš 2: agência de comunicação visual "Visoo" (que eu apelidei carinhosamente de "Voodoo"). O dono é um filhinho de papai, formado em Administração que é burro como uma porta, que resolveu montar uma agência porque é in. O "escritório" ficava anexo à casa de classe média-alta em que ele vive com os pais e os irmãos. Por isso, eu era constantemente obrigada a prestar "serviços" à família. Logo no meu primeiro dia, tive que digitar uma lista de 300 convidados para o casamento da irmã do chefe, com a mãe dele (uma perua cheia de botox) ao lado o tempo todo me corrigindo, como se eu fosse algum tipo de débil mental. E quando eu estava em casa, aproveitando meus sagrados momentos de folga, recebia telefonemas do chefe com solicitações imbecis. Uma delas foi para me perguntar como se instala uma webcam e um fone no computador... Eu nem sabia como fazer isso: inventei uma explicação qualquer, desejando que o computador explodisse na cara dele. Mas, enfim, não deu certo. Acho que eu devo ter cara de assistente de técnica de computadores, só pode.

Lila, narrando suas peripécias em Vida de Estagiário, o livro.

Julio Daio Borges
6/5/2005 às 11h26

 

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