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Terça-feira, 15/4/2014
Erudito nas igrejas de SP
Eugenia Zerbini

No começo da tarde de hoje, dia 15 de abril, o duo Kans-Chamma apresentou-se na Igreja de São Francisco, no Largo de mesmo nome, no centro de São Paulo. Integrado por Liliane Kans, ao fortepiano, e Fabio Chamma, ao violino, o duo dedicou o concerto a compositores do período clássico: Schobert(c.1735 - 1767); Mozart (1756-1791) e Beethoven (1770-1827).

A apresentação faz parte de uma série de espetáculos oferecidos até maio, pelo SESC do Carmo, que terão lugar em igrejas do centro de São Paulo, com o propósito de democratizar o acesso à música erudita e valorizar o patrimônio histórico da região. Essa série, em especial, aborda os instrumentos de teclado, partindo do cravo e chegando ao piano, depois de passar pela espineta, pelo virginal, pelo fortepiano e pelo órgão.

O dia garoento, típico de São Paulo (Il pleure dans mon coeur/Comme Il pleut sur la ville, confessou Verlaine um dia), tornou-se aconchegante, bastando os primeiros acordes do concerto. O fortepiano, conforme o programa (ou pianoforte, como aprendi há décadas, na primeira gravação que tive em mãos das sonatas de Shobert) é o antecessor do piano. No cravo, na espineta (espécie de cravo portátil) e no virginal as cordas são pinçadas, ao passo que no pianoforte e no piano as cordas são percutidas (marteladas). O som do pianoforte, que lembra de longe o de uma pianola - mais elegante, certamente - passou a marcar presença nos salões, a partir de meados do século XVIII. Os avanços da técnica resultaram no piano, que passou a dominar a cena, a partir da primeira década do século XIX.

Se a proposta destes posts sobre música erudita, que tiveram início no ano passado, fosse fazer crítica de concerto, esta seria a hora de listar os detalhes técnicos sobre a diferença entre o piano e seu ancestral, o fortepiano. Acontece que a ideia nunca foi essa. Nossa plano foi resumir - em termos os mais acessíveis possíveis (daí a razão de se abrir mão das referencias ao clássico Grove, já que em inglês)- as reflexões de um bom frequentador das salas de concertos em face dos espetáculos que presenciou. Palpites de bom ouvinte.

Mas de volta à diferença entre o fortepiano e o pianoforte: poderia ser anotado que o primeiro tem um tom mais ralo, além de menos poder de sustentação e teclado menor. Porém, é mais eficaz ilustrar essas diferenças. Conforme comentário do violinista Fabio Chama, Beethoven escreveu 10 sonatas para violino e piano. É possível executar-se as nove primeiras no pianoforte; a décima, entretanto, em virtude da riqueza e tessitura de sons, só ao piano.

O próximo concerto da série "Sons das Igrejas do Centro - Especial Instrumentos de teclado", dedicado ao órgão de tubos, será no próximo dia 13 de maio, às 13 horas, na Primeira Igreja Presbiteriana Independente do São Paulo, à Rua Nestor Pestana nş 136, a cargo do organista Delphim Rezende Porto. Entrada gratuita.

Concluindo, abaixo a sonata para violino e orquestra nş 5, opus 24, composta por Beethoven, em 1801, conhecida por "Primavera", na interpretação da bela Anne Sophie Mutter, ao violino, e de Lambert Orkis, ao piano. Apresentação no teatro do Champs-Elysées, em Paris, em gravação da BBC, em 1999.




Eugenia Zerbini
15/4/2014 às 19h41

 

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