busca | avançada
70683 visitas/dia
2,0 milhão/mês
Sexta-feira, 17/10/2014
O melhor canal nestas eleições
Julio Daio Borges

Hoje eu queria elogiar a Veja. Sim, a Veja. Tão demonizada sempre. Até pelo seu criador, Mino Carta. Que, num vídeo, reconhece, entre irônico e arrependido: "E eu criei esse monstro... chamado Veja".

A Veja não é mais o que era. Todo mundo reconhece. Acho que até a própria Veja. Porque a Abril não é mais a mesma. Porque a *imprensa* não é mais o mesma. E porque o *jornalismo* não é mais o mesmo. "Quem nunca pecou, que atire a primeira pedra..."

Apesar de todo esse histórico, e do momento jornalisticamente adverso, a Veja tem produzido a melhor cobertura das eleições, em termos de vídeos, e isso tem de ser reconhecido. A TVeja é o melhor canal de vídeos da internet, para quem deseja acompanhar estas eleições.

No papel - por privilegiar colunistas de uma determinada linha ideológica, até para se contrapor ao governo do PT -, a Veja ficou muito enviesada. "Editorializada", dizem. Histérica, eu diria. As páginas gritam. Algumas edições são estridentes do começo ao fim.

E o site, e os blogs, talvez sejam mais estridentes ainda. Quando não escrevem em letras garrafais, usam negrito, vermelho, azul... Para alguns blogueiros, o mundo vai acabar hoje. Ou já acabou ontem, não sei. Ou acaba daqui a pouco. "Vocês não perdem por esperar".

O canal TVeja, contudo, soa mais equilibrado. Talvez seja mérito da âncora, Joice Hasselmann. Eu sei, ela é irritante nas primeiras vezes, com aquela entonação, meio falando pelo nariz... Mas ela é muito inteligente, percebam. Muito bem informada. Rápida. E soube domar as feras de Veja. Talvez porque seja muito bonita (também). E as feras acabaram intimidadas...

O certo é que todos aqueles colunistas "de direita", mesmo os que se descabelam e esperneiam nos blogs, estão dando o melhor de si em TVeja.

Há vídeos antológicos com Marco Antonio Villa, por exemplo, que é o melhor autor de história brasileira contemporânea, e que fala às sextas-feiras.

José Roberto Guzzo, que já comandou Veja e que tem se revelado um verdadeiro ensaísta em suas páginas, converteu-se numa espécie de sábio do canal.

Augusto Nunes, que já comandou desde o Roda-Viva até o Estadão, está, igualmente, brilhante. Melhor até do que por escrito. Mais incisivo. Introduzindo aquela dramaticidade de que FHC sentia falta nestas eleições.

Reinaldo Azevedo, que é brilhante, mas que se derrama excessivamente no blog, volta à sua melhor forma no canal.

E até Rodrigo Constantino, um novato na máfia, fez uma participação impecável, logo na estréia.

Ricardo Setti continua brilhando mais por escrito (em vídeo gagueja um pouco). E até Marcelo Madureira, ghostwriter do "Agamenon", deu o ar da graça.

Antológicas, também, as entrevistas com políticos, como Fernando Henrique Cardoso, Walter Feldman e José Serra (entre outros).

Completam o time, as participações não presenciais de especialistas como Lauro Jardim e Geraldo Samor. Fora os repórteres.

Todos os dias, dou uma passada em TVeja, e deixo rolar a playlist, em background, como uma estação de rádio.

Nenhuma TV conseguiu aglutinar vídeos, com tamanha praticidade, nestas eleições. E nenhum outro veículo conseguiu produzir tanto conteúdo aproveitável, praticamente em tempo real.

TVeja pode ser um novo caminho para a Veja. E Joice Hasselmann, como âncora, é a grande revelação do jornalismo brasileiro nestas eleições.

TVeja mostra que o jornalismo não precisa morrer primeiro para se reinventar depois.

Para ir além
TVeja

Julio Daio Borges
17/10/2014 às 15h10

 

busca | avançada
70683 visitas/dia
2,0 milhão/mês